As novas missas. Haverá pinças nas hóstias e controlo à entrada das igrejas

As novas missas. Haverá pinças nas hóstias e controlo à entrada das igrejas


As missas presenciais regressam no próximo sábado, com muitos cuidados. Em Braga, quem comunga não deve dizer ámen. Já em Lisboa há missas com inscrições e até celebradas ao ar livre.


As igrejas vão reabrir as portas no próximo fim de semana, a 30 de maio, com pinças para hóstias, sem esmolas – ou com cuidados apertados para que a moedinha não deite tudo por água abaixo –, com confessionários improvisados – os padres, esses estarão do outro lado de máscara – e com controlo de entradas. Sempre com muitos cuidados devido à covid-19, alguns dos quais pautados pelo maior rigor. Em Braga, por exemplo, há sacerdotes que vão optar por usar uma pinça no momento da entrega da hóstia transportada no vaso sagrado durante a comunhão, momento em que também a palavra ámen deve ser evitada por quem comunga.

Mas, começando pela entrada das igrejas, haverá desinfetante e a fiscalização de quem higieniza as mãos ou leva máscara é feita por equipas voluntárias de acolhimento, que supervisionam se as regras estão a ser cumpridas.

Já no interior de algumas igrejas, onde é obrigatório usar máscara, não haverá peditórios durante a missa e será através de uma caixa de esmolas, colocada à porta, que as pessoas fazem o seu contributo. E, nos confessionários, as medidas implementadas ainda estão a ser estudadas mas, ao que tudo indica, as confissões serão feitas num espaço amplo da igreja e sempre de máscara, colocada tanto pelo padre como por quem quer confessar-se.

Ao i, o cónego João Paulo Alves, reitor da Basílica do Bom Jesus, em Braga, acrescentou que também os bancos vão ter autocolantes a indicar se é possível sentar naquele lugar – medida que é comum a todas as igrejas, de norte a sul do país. “Para não haver movimento, o sacerdote vai junto das pessoas dar a comunhão na mão. A hóstia vai no vaso sagrado e, antes disso, o sacerdote desinfeta as mãos e nunca toca nas mãos das pessoas”, sublinhou, falando ainda da possibilidade de haver igrejas cujas missas serão ouvidas também no exterior, através de altifalante.

“Há igrejas que vão projetar o som para fora e, assim, as pessoas que não podem entrar acompanham a missa na zona exterior”, referiu.

 

Missas campais e inscrições

De acordo com o reitor da Basílica do Bom Jesus, haverá paróquias a optar, nesta fase inicial do regresso presencial, por celebrar missas em “pavilhões desportivos” ou ao ar livre, com o objetivo de tentar garantir uma maior segurança a quem quer ir à missa. Mas não é só em Braga que isso acontece. Em Cascais, por exemplo, decorrerão no próximo domingo, 31 de maio, duas missas campais no hipódromo.

“É um caso específico aqui da paróquia, porque as igrejas são pequenas para o número de pessoas que habitualmente vão às missas. Não conseguimos multiplicar mais missas. Optámos por fazer assim: menos missas, mas num espaço maior. Nesta primeira fase de desconfinamento será assim; depois vamos avaliando”, disse ao i o padre Nuno Coelho.

Já na paróquia de Loures, quem quiser ir à missa tem de se inscrever. E, segundo o i conseguiu apurar, há várias igrejas de norte a sul do país a adotar esta medida para existir um maior controlo no número de pessoas presentes numa determinada missa. Em Loures, as inscrições são feitas por telefone, à semelhança do que acontece em Oeiras, onde já começaram as marcações. Neste caso, as missas vão ser retomadas no salão do Centro Social e Paroquial, uma vez que a igreja matriz está em obras. Até ontem, cerca de dez pessoas já haviam marcado lugar para estar presentes nas missas do próximo fim de semana. Também a paróquia do Campo Grande, em Lisboa, abriu inscrições para as missas dominicais – mas não para as semanais. E quem fez a sua inscrição terá de chegar “cerca de 20 minutos antes” do início da celebração. No mesmo sentido, a paróquia de Fafe, distrito de Braga, também optou pelo modelo de inscrições, através da internet, nomeadamente pela rede social Facebook.

 

Lisboa com regras definidas

De uma forma geral, a capital está a preparar as medidas que já foram divulgadas para todas as igrejas do país, apesar de algumas paróquias optarem por adotar regras mais específicas. Lugares assinalados, voluntários à entrada para ajudar na fiscalização e o ofertório a realizar-se no final da missa, para não haver contacto, são algumas das dezenas de medidas globais que a Direção-Geral da Saúde (DGS) já emanou. E, ao i, o diretor do Departamento da Comunicação do Patriarcado de Lisboa, Nuno Fernandes, garantiu que tudo está a ser preparado com as devidas precauções.

“Há todo um trabalho que está a ser desenvolvido para que as celebrações possam ser asseguradas”, avançou, explicando aquilo que tem de ser estritamente cumprido por quem vai à missa. “O ofertório tem de ser feito no final da celebração. Portanto, haverá à saída algo que permita que as pessoas possam deixar o seu contributo. E a comunhão nas mesmas normas, com um distanciamento. Será possível a desinfeção das mãos antes e depois da comunhão e terá de haver também uma distância de segurança ao chegar ao lugar onde será feita a comunhão”, rematou.

Logo no início de maio, a Conferência Episcopal Portuguesa confirmou a data do regresso às missas presenciais. “Através da Resolução do Conselho de Ministros n.o 33-C/2020, que estabelece uma estratégia de levantamento de medidas de confinamento no âmbito do combate à pandemia da doença covid-19, o Governo decidiu para 30-31 de maio, no que diz respeito a cerimónias religiosas, o reinício das celebrações comunitárias de acordo com regras a estabelecer pela DGS”, podia ler-se em comunicado.