Os apoios do Governo previstos para a comunicação social, um setor fortemente afetado pela crise provocada pela covid-19, foram publicados ontem em Diário da República. No total, serão investidos 15 milhões de euros – 1,7 milhões de euros para a imprensa regional e 11,3 milhões para os órgãos nacionais – em compra antecipada de publicidade.
O grupo Impresa – que detém a SIC e o Expresso – é o que vai receber mais: cerca de 3,5 milhões de euros. Os valores diferem, estando a maior fatia concentrada em grupos que englobam imprensa escrita, televisão e rádio.
Além do grupo Impresa, a Media Capital – TVI, Rádio Comercial, M80, Cidade, Smooth FM e ainda a produtora Plural – vai arrecadar 3.342.532, 88 euros. Logo a seguir, surge a Cofina, à qual pertence o Correio da Manhã e a CMTV, com 1.691.006,87 euros, e a Global Media com mais de um milhão de euros.
O grupo Global Media – que detém o Diário de Notícias, a TSF, O Jogo, o Jornal de Notícias e o suplemento Dinheiro Vivo – além deste valor que irá receber em publicidade, colocou 538 trabalhadores em layoff no passado mês de abril. O que significa que também dessa forma está receber apoio do Estado.
A Rádio Renascença vai receber cerca de 480 mil euros, seguindo-se o grupo Trust In News – uma empresa unipessoal com 10 mil euros de capital social que detém a Visão, Activa, Caras e Exame – com 406 mil euros, a Sociedade Vicra Desportiva, que detém o jornal A Bola, com 329 mil e o Público com, aproximadamente, 315 mil euros.
A Newsplex, que detém o i e SOL, surge muito abaixo, com menos de 40 mil euros para os seus dois jornais (diário e semanário) e plataformas online.
O Jornal Económico receberá cerca de 29 mil euros, o Porto Canal 23 mil euros, o Observador perto de 20 mil euros e o Eco Online 19 mil euros.
Critérios pouco claros Quanto às entidade públicas que vão comprar a publicidade, a Direção-Geral da Saúde tem a maior fatia, com uma verba de sete milhões de euros. O Instituto do Turismo de Portugal, as secretarias-gerais dos Ministério da Administração Interna, Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia têm uma verba prevista de um milhão e meio de euros.
No documento publicado ontem em Diário da República não são, no entanto, esclarecidos quais os critérios adotados para atribuição dos valores a cada órgão de comunicação social.
Ao i, João Palmeiro, presidente da Associação Portuguesa de Imprensa, explicou que “a Associação não acompanhou até ao fim os critérios das publicações nacionais”, sendo as regras iniciais estipuladas da seguinte forma: “O valor da publicidade de um determinado trimestre do ano passado, no fundo quanto é que faturou no ano inteiro, dividido por quatro, e, sobre isso, aplicava-se 10% e esses 10% é o valor que deveria aparecer atribuído”. No entanto, “há ainda outra hipótese em relação à distribuição em caso de publicações”, que a associação confessa que não acompanhou.
Ao i, o presidente da Associação Portuguesa de Imprensa sublinhou que “finalmente, conseguiu-se fazer qualquer coisa e que, esse finalmente, apesar de tudo, foi uma coisa que infelizmente, em muito poucos Estados-Membros da União Europeia, já se conseguiu”.
“Com isto, Portugal é um dos cinco ou seis Estados-Membros em que uma ação diretamente dirigida ao setor dos media está a ser concluída”, acrescentou.
Recorde-se que o grupo Global Media (DN e O Jogo) e a Vicra (A Bola) recorreram ao layoff parcial de trabalhadores.