Restaurantes. Abrir as portas “por amor à camisola”

Restaurantes. Abrir as portas “por amor à camisola”


Esta segunda-feira, a restauração voltou a abrir portas, mas os clientes são ainda poucos. Os proprietários dos restaurantes dizem que esta é a semana de teste e têm ainda na memória os últimos dois meses. Mas deixam a garantia: ‘O setor da restauração é uma indústria segura’.


Antes da pandemia, só a esplanada da marisqueira Santiago, na rua das Portas de Santo Antão, tinha capacidade para receber 190 pessoas. Agora, tem apenas 40 lugares e ontem, no primeiro dia de reabertura dos restaurantes e cafés, em plena hora de almoço, a esplanada tinha apenas uma pessoa sentada: chama-se António Ferreira e é um dos donos do restaurante. “Em 36 anos, é a primeira vez que vejo a esplanada vazia a esta hora”, disse ao i António Ferreira, enquanto três dos empregados deambulavam entre as mesas vazias. Já passava das 13h30 e a marisqueira tinha recebido quatro pessoas – duas já conheciam o espaço e outras duas apareceram por acaso, contou o proprietário, que admitiu estar já à espera que assim fosse. Sem turistas, sem os trabalhadores habituais das empresas e sem os espetáculos no Coliseu, restam poucos clientes. “É muito triste ver isto assim, estou desanimado mesmo”, desabafou. O único ânimo é estar, efetivamente, a trabalhar: “Pelo menos aqui estamos todos juntos, dá para desanuviar”. Mas, quando o assunto é dinheiro, não há volta a dar e António garante que “o ano está perdido”. Como exemplo, um dos proprietários da marisqueira fala do mês de junho e das Festas de Santo António, em que todos os caminhos vão dar àquela zona. “Já para não falar do futebol, que traz muita gente a Lisboa”, acrescenta.

Ontem foi o dia de reabertura dos restaurante e cafés e, por toda a cidade de Lisboa, o barulho normal do interior de um restaurante à hora de almoço foi substituído pela desconfiança e pela desinfeção das mãos à entrada. Empregados e clientes têm agora de estar com máscaras, as mesas ficam afastadas, com o mínimo de pessoas possível e há também queixas que são atiradas ao Governo por, só no final da semana passada, ter disponibilizado as regras a cumprir na restauração. Muitos acham mesmo que não houve tempo para assimilar tudo e que esta é só a semana de teste. E a felicidade de voltar a abrir portas contrasta com o nervosismo pelo futuro. Já do lado dos clientes, são sobretudo aqueles que continuam a trabalhar – não a partir de casa – que regressam ao sítio onde sempre almoçaram.

Leia o artigo completo na edição impressa do jornal i. Agora também pode receber o jornal em casa ou subscrever a nossa assinatura digital.