Em Benfica, quatro amigas conversam sobre o regresso às aulas. O primeiro dia foi apenas para duas delas, e a única aula a que cada uma assistiu já terminou. Nenhuma tem pressa em voltar para casa e, em vez disso, apressam-se a matar as saudades enquanto contam às outras duas o que as espera. “Na entrada do bloco há sempre desinfetante e sempre que saímos ou entramos colocamos”, explica Matilde Silva às amigas, que já sabem que vão ter aulas num bloco destinado apenas aos alunos do 12.o ano. Os restantes, que estão no ano anterior, têm aulas num bloco diferente, mas a técnica é a mesma – entrada ordeira e cumprindo o distanciamento social, turmas divididas por diferentes salas e, consequentemente, apenas um aluno por mesa.
Não foi só durante as 2h20 que demorou a aula que Matilde esteve a aprender. Também enquanto apanha os primeiros raios de sol deste ano ouve a amiga que esteve numa aula diferente dizer que os professores não se podem aproximar ou passar a primeira fila e que os alunos não podem ir ao quadro. Na turma da amiga de Matilde, os alunos foram avisados de que a máscara não pode ser tirada, mas que os alunos poderão sair da sala se estiverem desconfortáveis e depois voltar. “Eu não sei de nada disso”, confessa Matilde.
Margarida não teve aulas, mas ouve as amigas contarem como foi o primeiro dia. Tem a certeza de que não vai aguentar 2h20 com a máscara colocada, mas não esconde que quer voltar à escola – e não só pelas saudades. Nesta escola secundária, os professores não deram aulas pelo Zoom ou qualquer uma das outras plataformas, optando assim pelo envio de trabalhos e powerpoints. “Não é suficiente”, diz Margarida Almeida, concordando que “ter um professor que esteja lá” faz toda a diferença.
As quatro estão consciencializadas de que é importante voltar às aulas, ainda que adaptadas, e o regresso não as assusta nem deixa inseguras. “Eu fiquei nervosa pelo facto de já não podermos fazer melhorias”, confessa Margarida. “Eu fiquei mais satisfeita, só vou ter de fazer um exame”, diz Matilde. Mas as opiniões não ficam divididas quanto aos meses de verão. “Vamos perder o verão todo”, diz Margarida Almeida, mostrando-se, acima de tudo, preocupada com os exames que terão de ser feitos nas salas sem ar condicionado e de máscara.
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