A decisão está tomada: o principal campeonato do futebol português vai mesmo regressar, mais de um mês e meio depois de ter sido suspenso na sequência da pandemia da covid-19. O pontapé de saída está previsto para o fim de semana de 30 e 31 de maio. Mas sem público nas bancadas. E em apenas oito semanas, mais coisa, menos coisa, terão de ser cumpridas as dez jornadas do campeonato que faltam disputar.
É esse o plano. Os esforços da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e dos principais clubes portugueses, que tinham como objetivo impedir o cancelamento da prova – tal como já foi anunciado na Holanda e em França –, mereceram a aprovação do Governo, confirmando-se assim um regime de exceção dado aos “grandes” do futebol, depois das restantes provas desportivas no país, de futebol ou de outras modalidades (como andebol, basquetebol, hóquei em patins, voleibol e futsal), de seniores ou de outros escalões, terem sido dadas por concluídas.
Mas porquê o futebol? A resposta é muito simples: “A força e o impacto que a modalidade tem na sociedade portuguesa”, afirma Daniel Sá, do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM). “Tendo em conta as restantes opções do Governo, sobre o desporto e não só, esta decisão em relação ao futebol torna-se incoerente, até porque, neste momento, nem sequer foi autorizado retomar a prática de algumas modalidades individuais”, com menos concentração de atletas. “O futebol, neste caso, beneficia da sua força e de todo o dinheiro que o negócio envolve”, destaca.
A decisão vai ao encontro dos anseios dos principais clubes portugueses que, sem a bola rolar, estimavam um “cenário dramático”, com perdas entre os 350 e os 400 milhões de euros, segundo as contas feitas pela LPFP.
Ao i, Daniel Sá explica como o regresso aos relvados permitirá, de imediato, mitigar, em parte, os efeitos da crise sentida nos cofres dos clubes primodivisionários: “Em média, para um clube europeu, as bilheteiras representam cerca de 15% das receitas numa época. Os contratos de patrocínios e publicidade 25%. E as transmissões televisivas cerca de 60%. Com os jogos a decorrer, mesmo sem público nas bancadas, os clubes só estão a abdicar, praticamente, dos 15% das receitas referentes à bilheteira. Admitindo que recuperam parte da fatia que diz respeito aos contratos de patrocínios e publicidade (pois com os jogos a decorrer e a serem televisionados as marcas vão querer comunicar na mesma) e a totalidade dos valores relativos às transmissões televisivas, os clubes vão conseguir alcançar um mal menor, que permitirá, à partida, recuperar a maior parte do prejuízo que têm tido neste período” de pausa.
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