“A ida a um restaurante não pode ser transformada num momento de medo ou de tensão”. É desta forma que a Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (Aphort) reage às várias medidas que têm vindo a ser anunciadas por outras associações do setor e que passam por limitar a capacidade máxima de cada espaço de restauração para metade, garantir pelo menos um metro de distância entre cada mesa, medir a temperatura dos clientes à entrada e o fim dos menus – devendo estar apenas expostos em local visível, evitando-se assim o contacto físico.
É também sugerido o uso obrigatório de máscara e/ou viseira por parte dos trabalhadores do restaurante, que as instalações sejam higienizadas – garantir a limpeza/desinfeção frequente de pontos de alto contacto como mesas e maçanetas, entre outros – e o alargamento do período do almoço e do jantar, ficando os espaços de restauração obrigados à marcação prévia de mesa, de modo a assegurar que não haja aglomerados de clientes. “É importante o setor continuar a cumprir com a sua missão de proporcionar às pessoas uma experiência agradável, de descontração e bem-estar. É nossa obrigação fazer com que os clientes se sintam acolhidos e protegidos nos nossos estabelecimentos de uma forma positiva”, revela a associação, em comunicado.
A Aphort defende a implementação de medidas de proteção exequíveis e proporcionais e aconselha os empresários a não tomarem decisões precipitadas. “Muitas das medidas que têm vindo a público vão exigir a criação de legislação clara e inequívoca por parte do Governo, como é o caso da proposta da recolha da temperatura corporal dos clientes. Este será um processo complexo e que dificilmente terá uma aplicação imediata, pelo que aconselhamos os empresários a não se precipitarem e a não incorrerem, para já, em investimentos avultados em torno de medidas que não foram ainda dadas como certas”, diz Rodrigo Pinto Barros, presidente da entidade. E o responsável vai mais longe: “Sem essa legislação, os empresários podem inclusivamente ficar sujeitos ao pagamento de coimas avultadas, uma vez que está em causa a violação do Regulamento Geral de Proteção de Dados”, acrescenta.
A opinião vai ao encontro da de Albino Fernandes, um dos membros da União de Restaurantes de Braga de Apoio à Covid-19 – que representa 132 restaurantes e cerca de 1341 trabalhadores da região – e também dono do espaço Colinatrum Café, que defende que “os clientes não podem ir a um restaurante como se fossem a um hospital”. E, como tal, advoga que devem ser proporcionadas condições para que os portugueses possam usufruir desses espaços. “A maioria das medidas que têm vindo a ser apresentadas não são praticáveis”, defende ao i. E dá como exemplo a medição da temperatura dos clientes à porta. “Ter um trabalhador de um restaurante à porta para medir a temperatura é surreal. Além de não lhe competir fazer o trabalho das autoridades de saúde, é quase transformar um restaurante numa cantina”.
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