Quando a maré sobe, o rio corre ao contrário, como se fugisse da foz. Terá medo de quê? A minha varanda mede seis metros de largura por dois e meio de comprimento e não tem tetos nem grades, pelo que não é uma prisão.
Se me apetecer, posso saltar daqui para a rua mas, descontando os sonhos, estou com o Machado de Assis: “É preferível cair das nuvens do que de um terceiro andar”.
Fixo-me, portanto, ao terceiro andar, e fico à espera de cair das nuvens escuras que se acumulam lá mais para sul, para Grândola ou Melides ou Santiago do Cacém. O céu, por cima, é de Verlaine: tão azul e tão calmo. Li uma vez, já não sei onde, que se ficarmos muito, muito tempo a olhar o céu azul, podemos ficar azuis por dentro.
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