Num céu de plástico


Olho para lá do parapeito da varanda e entre mim e o rio há um vazio. Duzentos metros, talvez. Sempre achei muito importante ensinar os meus filhos a voar. Voando, preenchem vazios. Os mais velhos, volta e meia, pediam-me: “Pai! Vem ensinar-nos a voar”. Pegava num de cada vez, dava com ele a volta ao…


À mais pequenina levava-a ao colo no jardim, de mãos rechonchudas, abrindo e fechando os dedinhos nervosos, procurando agarrar as pombas que fugiam na nossa frente. E ela ria um riso cristalino, entrecortado, que nunca mais consegui ouvir a partir do momento em que ma roubaram. Agora, não sei se sabe voar ou não. E isso aflige-me. Deixa-me uma inquietação por dentro porque, entretanto, fui eu que passei a não conseguir voar mais na nuvem da sua tão encantadora alegria.

Leia o artigo na íntegra na edição impressa do jornal i. Agora também pode receber o i em sua casa. Saiba como aqui.


Num céu de plástico


Olho para lá do parapeito da varanda e entre mim e o rio há um vazio. Duzentos metros, talvez. Sempre achei muito importante ensinar os meus filhos a voar. Voando, preenchem vazios. Os mais velhos, volta e meia, pediam-me: “Pai! Vem ensinar-nos a voar”. Pegava num de cada vez, dava com ele a volta ao…


À mais pequenina levava-a ao colo no jardim, de mãos rechonchudas, abrindo e fechando os dedinhos nervosos, procurando agarrar as pombas que fugiam na nossa frente. E ela ria um riso cristalino, entrecortado, que nunca mais consegui ouvir a partir do momento em que ma roubaram. Agora, não sei se sabe voar ou não. E isso aflige-me. Deixa-me uma inquietação por dentro porque, entretanto, fui eu que passei a não conseguir voar mais na nuvem da sua tão encantadora alegria.

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