A entregar-se aos projetos possíveis entre a estagnação gerada pela pandemia, Guta Moura Guedes não tem ilusões. “Para quem consome, a cultura não é prioritária num momento como este”. Não terá como ser, assevera. “As pessoas sofreram economicamente bastante com esta crise”. Daí que tema que, mesmo que em maio o início de uma normalidade venha com a reabertura de alguns espaços culturais, como foi já estabelecido pelo governo, a recuperação do setor cultural não seja possível a curto prazo. “Habituámo-nos à cultura como se estivesse sempre disponível, pronta a ser consumida e nada a colocasse em risco”, dirá ainda nesta conversa que não se julgue ter sido presencial:_aconteceu por videochamada (as fotografias são de arquivo). E videochamadas é o que mais tem feito por estes dias, com diretores de instituições culturais de 30 cidades espalhadas por todo o mundo, para um retrato do que estão a ser estes dias e o princípio de uma reflexão: que papel, social e económico até, pode ter a cultura na reconstrução do mundo pós-covid?
Apesar da gritante insuficiência dos apoios anunciados pelo Estado para o setor artístico, o tema da situação de dificuldade em que se encontra tem tido algum espaço na discussão pública. Fala-se nas áreas do teatro, do cinema, da música, das artes visuais já bastante menos. Paralelamente a isto, em Portugal nem as indústrias criativas nem a área do design, por exemplo, têm sido tema.
A área do design e da arquitetura é diferente das questões mais ligadas às artes em si, como as performativas em que estava a falar…
A Alemanha, por exemplo, quando lançou o elogiado apoio direto de 5 mil euros a todos os artistas fê-lo dirigido não apenas a artistas, mas também a criativos de todas as áreas.
Foi transversal. Ultimamente uso muito as palavra autor ou criador. O design e a arquitetura têm a vantagem e a desvantagem de estarem muito mais ligados à atividade empresarial e comercial. A arquitetura ligada ou à parte turística diretamente ou ao desenvolvimento dos bens imobiliários e o design ligado a empresas de comunicação, a empresas de publicidade, empresas que têm um caráter mais de mercado. E isso umas vezes é bom e outras vezes é mau.
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