“O que se passa nos lares é uma questão dramática”. A garantia é dada por Francisco Araújo, presidente do conselho nacional da União das Misericórdias Portuguesa que apela a uma concertação entre câmaras e instituições para a criação de espaços destinados aos idosos que estejam infetados com covid-19, lembrando que os lares não têm recursos médicos e de enfermagem para cuidar destes doentes, revela numa conferência com jornalistas.
A pensar nisso, a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) e a União da Misericórdias Portuguesas (UMP) tornam pública a sua preocupação com a grave situação que se vive nos lares de idosos e de deficientes de Portugal no contexto da pandemia e pedem a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa, acusando o Ministério da Saúde de “declinar” as suas responsabilidades para com idosos e deficientes, uma vez que entendem que os “lares não são unidades de saúde, não têm como missão nem possuem condições, quer em termos de infraestruturas, quer em termos de recursos técnicos e humanos para darem acompanhamento na situação de doença aguda, não sendo, pois, compreensível nem aceitável que o Estado queira deixar os doentes com covid-19 nos lares, retirando os utentes que não estão infetados”, referem em comunicado.
“A covid-19 é uma doença aguda, de rápida evolução, alta contagiosidade, e elevada mortalidade na população frágil e idosa. Em outros países europeus assistiu-se a cenários de extrema gravidade nos idosos em lar tendo esta população chegado a representar 30% da mortalidade diária”, acrescentando que “os lares em Portugal são instituições de restrito âmbito social. Apesar das alterações nos últimos anos das necessidades da população residente nos lares, nunca foi permitida pelo Estado a sua requalificação, apesar de todas as diligências das instituições representativas do setor”.
Francisco Araújo lembra que um doente infetado necessita de cuidados de saúde, com vigilância diária por médicos e enfermeiros. “Precisará muito provavelmente de controlo sintomático em fim de vida por doença aguda e rapidamente progressiva. Suporte que os lares não podem dar sem o apoio complementar da saúde”. E face a este cenário aguarda por uma intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa para acabar com esta situação que, no seu entender, é dramática, já que estes idosos não podem continuar nos lares porque exigem cuidados de saúde que os profissionais que lá estão não conseguem dar”.