Sem quaisquer medidas de isolamento em casa – apenas distanciamento nas ruas e proibição de eventos com mais de 500 pessoas –, a estratégia da Suécia de “esperar para ver” a evolução da covid-19 está a gerar polémica, nomeadamente em Estocolmo. Os restaurantes, bares e lojas permanecem abertos, assim como as escolas para alunos até aos 16 anos e as creches, num país que já conta com mais de 2500 casos confirmados do novo coronavírus, incluindo 62 mortes. É agora o país europeu com as restrições mais brandas no que respeita ao ensino, depois da Holanda e o Reino Unido terem apertado o cerco nas medidas preventivas e de terem encerrado as escolas há cerca de uma semana.
“Há o grande risco de a Suécia ir para quarentena quando o sistema de saúde entrar em crise”, confessou Joacim Rocklov, epidemiologista da Universidade de Umea, na Suécia, ao Financial Times. De acordo com o chefe da Agência de Saúde Pública sueca, Johan Carlson, o país não pode atacar o vírus sem medidas assertivas, pelo que é necessário esperar e atacá-lo quando for a melhor altura. “Não se podem tomar medidas draconianas que têm um impacto limitado na epidemia, a não ser quebrar as funções da sociedade”, explicou, sendo que uma das justificações para manter as escolas abertas é o facto de os jovens não serem um grupo de risco. Mas estará o país a subestimar a capacidade de transmissão do vírus? “Não vejo em que é que a Suécia é diferente dos outros países. No entanto, é uma experiência enorme e pode funcionar. Não sabemos. Mas pode também ir loucamente na direção errada”, reforçou Joacim Rocklov.
Deste modo, o país está a dar maior prioridade aos grupos de risco, como os idosos e a população com outras doenças.
A Suécia está assim a seguir o modelo definido anteriormente pelo Reino Unido, na tentativa de alcançar a imunidade de grupo, em que se prevê a infeção de uma grande percentagem da população para inibir a propagação das cadeias de transmissão nas comunidades.
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Outros dos países em que os estabelecimentos de ensino permanecem abertos é Cuba, apesar de os números já ditarem duas mortes e 67 casos positivos de covid-19 até esta quinta-feira. No entanto, foram implementadas novas medidas de higiene nas escolas, como lavagem das mãos e limpeza geral das instituições. São feitos testes diários em todas as escolas, com o objetivo de enviar as crianças que apresentem sintomas do novo coronavírus para os centros de saúde locais. As universidades, por ser turno, também continuam em funcionamento, com as aulas habituais, apesar de terem aderido aos planos de prevenção.
No entanto, o avanço do contágio em todo o mundo também está a gerar polémica em Cuba, uma vez que as crianças que frequentam as escolas podem ser contaminadas através dos pais ou de outros familiares – e aí começar um novo foco de contaminação.
O Governo já colocou a hipótese de encerrar todas as escolas, mas a medida ainda não foi anunciada.