Emprego. Estafetas na linha da frente

Emprego. Estafetas na linha da frente


A entrega em casa dos mais variados produtos e serviços tem levado ao aumento da contratação de estafetas. Esta tem sido a resposta das empresas à nova realidade do país. Também os supermercados estão a contratar às centenas.


Numa altura em que é pedido aos portugueses que fiquem em casa, há empresas e serviços que não podem parar. E se há empregos que podem estar em risco com toda esta crise provocada pela pandemia covid-19, há outras que podem dar emprego a quem precisa. Um dos exemplos são as empresas de distribuição, nomeadamente a de refeições, que foram “obrigadas” a contratar mais estafetas para a entrega de comida, uma vez que o número de pedidos aumentou.

Mas não só. Os pedidos online – seja em supermercados ou outras áreas – também registou um aumento exponencial e as empresas tiveram de se adaptar ao maior aumento de procura.

Ao i, Afonso Carvalho, CEO da Egor, confirma o aumento na contratação de trabalhadores nesta altura. “O conhecimento que tenho do mercado é que as empresas estão a reforçar este tipo de perfis, nomeadamente estafetas”, avança.

Questionado sobre se a maioria dessas novas contratações serão feitas em regime de trabalho temporário, Afonso Carvalho explica: “Não tenho detalhes concretos mas acredito que muitos serão com a tipologia contratual de trabalho temporário”.

No entanto, a nova contratação de trabalhos, garante o CEO da Egor, estende-se a outras áreas: “Não só nestas áreas mas também na grande distribuição, não só pelo reforço dos produtos nas lojas mas também pelo comércio online estar com um aumento exponencial. Os serviços de entregas têm de ser reforçados e por isso está a haver aqui uma adaptação rápida”, garante ao i.

supermercados contratam

Supermercados lotados e grandes fila de espera são também uma realidade vivida em Portugal nas últimas semanas, o que levou a que as grandes superfícies comerciais começassem a alargar a equipa de trabalhadores. Mas tanto para a própria loja como para o serviço de entregas que disparou. O i sabe que fazer encomendas nas maiores cadeias de supermercados obrigam a esperar alguns dias pela entrega face ao aumento da afluência dos canais online.

Uma das primeiras cadeias de supermercado a pedir ‘ajuda’ foi o Lidl que até criou uma campanha para o efeito. A ideia é conseguir contratar mais funcionários para esta altura de crise, depois da grande corrida aos supermercados das últimas semanas.

A empresa está a contratar 500 pessoas com o objetivo de responder ao aumento da procura e quer, por isso, aumentar as equipas nas suas 258 lojas e quatro entrepostos em todo o país.

“Neste momento, Portugal precisa de todos. Portugal precisa de todos os retalhistas. Das mercearias, do supermercado, do hipermercado, de todos. Portugal precisa das nossas lojas abertas. E nós precisamos de ti”, começa por introduzir o Lidl. A cadeia de supermercados destaca que Portugal está a passar por “uma época sem precedentes” e explica que os atuais colaboradores precisam de ajuda. “Uma época na qual temos de nos unir e cumprir com a nossa missão e o nosso compromisso: garantir que os portugueses têm acesso a bens alimentares de primeira necessidade. Não vamos falhar para com os portugueses”.

Também o Continente e o Modelo tomaram medidas para fazer face ao aumento da procura, anunciou a Sonae. No entanto, neste caso, não se trata da contratação de novos funcionários, mas sim da alocação de 1800 funcionários das cafetarias Bagga, que fecharam durante o estado de emergência declarado recentemente.

A urgência de novos trabalhadores estende-se ao Pingo Doce. Segundo a TSF, a distribuidora do Pingo Doce procura entre 200 a 300 pessoas para responder ao aumento da procura.

Também o El Corte Inglés refere ainda que está a reforçar os seus serviços de entregas ao domicílio e de recolhas no parque como é o caso do Click & Car.

Outros negócios Esta aposta do take-away também se estende à própria restauração. Obrigados a fechar ao público viram-se obrigados a recorrer a esta modalidade para manter o seu negócio.

Aliás, o próprio primeiro-ministro incentivou que os restaurantes continuassem o fornecimento de refeições em regime de take-away ou com entregas, para que consigam sobreviver (ver texto ao lado).

Também o setor da comunicação social está a apostar na entrega de jornais porta a porta. E, mais uma vez, é necessário recorrer a empresas de distribuição.

Lá fora A procura de profissionais estende-se a várias empresas. A Amazon, por exemplo, anunciou recentemente que quer contratar mais de 100 mil trabalhadores também para fazer face à crescente procura devido ao surto coronavírus. As contratações serão não só para os serviços de entrega mas também para os armazéns. Este aumento de funcionários vem com um bónus para os já trabalhadores da empresa que vão ver os seus salários crescer em dois dólares por hora nos EUA, duas libras por hora no Reino Unido e cerca de dois euros por hora nos países da União Europeia, uma iniciativa que vai acontecer até ao final de abril.

Mas este não é caso único. Também o grupo Walmart anunciou querer contratar cerca de 150 mil pessoas em regime part-time até ao mês de maio. Numa nota partilhada no site do grupo de distribuição norte-americano é justificado o motivo: “Sabemos que milhões de americanos, que normalmente estão empregados, estão temporariamente sem trabalho nesta fase e, ao mesmo tempo, sentimos uma forte procura nas nossas lojas. Queremos que as pessoas considerem a Walmart como uma forma de ganhar um dinheiro extra e prestar um serviço vital à comunidade, explica Doug McMillon, CEO da empresa.