Opus Dei, transparência num mundo às escuras


A Obra repudia os tons de secretismo, promessas de fidelidade e ausência de transparência atribuídos à instituição.


Em resposta ao projeto de lei do PAN sobre transparência nos cargos políticos, o Opus Dei apresentou uma nota de esclarecimento, publicada no seu site institucional pelo gabinete de imprensa. A Obra não viu com bons olhos as considerações daquele preâmbulo. No comunicado, a prelatura revê-se no ponto de encontro quanto à intenção de garantir que o poder político seja exercido para o bem comum, de forma transparente e responsável, mas repudia os tons de secretismo, promessas de fidelidade e ausência de transparência atribuídos à instituição.

A cumplicidade é um fator-chave nos grupos e associações. Um grupo é precisamente isto: um sistema de relações entre pessoas que partilham uma identidade. E um político, ao decidir o que quer que seja, é sempre uma extensão dos grupos a que pertence. Mas até que ponto alguém pode obrigar-nos a revelar todos os grupos com que nos reunimos? Acontece, porém, que a ignorância em torno do que se passa nesses grupos faz com que surjam opiniões, por vezes mal fundamentadas, e que por isso deveriam envergonhar qualquer deputado que apresente projetos de lei com pressupostos errados. Esta ignorância e incompetência tem sido a tónica de uma política brejeira que, em vez de resolver, prefere perverter. Há e continuará a haver pressões de várias entidades nas quais os nossos políticos estão envolvidos, mas o verdadeiro perigo vai muito além da pertença de cada um. O problema coloca-se ao nível da ética e da moral, aliás, conceitos pouco conhecidos por parte dos agentes políticos. Mas essa falta de ética não vem dos grupos ou associações. Todos ou, pelo menos, aqueles que são devidamente reconhecidos têm na sua natureza uma causa boa em si mesma. Assim, a perversão nasce depois, no coração prostituído de cada um, que por interesses próprios acaba enredado nas tramas das vielas, essas sim, secretas e muito mal frequentadas. O problema está na palavra, ou melhor, na falta dela. Recordemos que um político cumpre um serviço à nação. Não deve esperar uma nação para o servir.

O Opus Dei promove a santificação na família e no trabalho. Se os membros levarem a sério este ponto, estou certo de que jamais poderão servir outros interesses que não sejam os do “alto”. Mais que saber a que grupo cada um pertence, importa perceber o que move aquela pessoa a assumir aquele cargo político. Importa olhar e conhecer o que cada um é. Mas, afinal, que interesse terá a transparência de um objeto se depois vivermos às escuras? A transparência necessita de claridade. Somente vivendo com a luz se pode conhecer e apreciar o que nos rodeia. Existem e continuarão a existir formas de manipulação e de pressão. Para isso servem as opiniões, as redes sociais, a família, os amigos, os grupos e até os amigos que connosco vão passear o cão. Assim, se amanhã virem três homens a conversar baixinho num jardim, cuidado. Pode ser um grupo secreto que se esconde numa jogada fingida de passear animais mas que, na verdade, conspira para governar o mundo!

Professor e investigador


Opus Dei, transparência num mundo às escuras


A Obra repudia os tons de secretismo, promessas de fidelidade e ausência de transparência atribuídos à instituição.


Em resposta ao projeto de lei do PAN sobre transparência nos cargos políticos, o Opus Dei apresentou uma nota de esclarecimento, publicada no seu site institucional pelo gabinete de imprensa. A Obra não viu com bons olhos as considerações daquele preâmbulo. No comunicado, a prelatura revê-se no ponto de encontro quanto à intenção de garantir que o poder político seja exercido para o bem comum, de forma transparente e responsável, mas repudia os tons de secretismo, promessas de fidelidade e ausência de transparência atribuídos à instituição.

A cumplicidade é um fator-chave nos grupos e associações. Um grupo é precisamente isto: um sistema de relações entre pessoas que partilham uma identidade. E um político, ao decidir o que quer que seja, é sempre uma extensão dos grupos a que pertence. Mas até que ponto alguém pode obrigar-nos a revelar todos os grupos com que nos reunimos? Acontece, porém, que a ignorância em torno do que se passa nesses grupos faz com que surjam opiniões, por vezes mal fundamentadas, e que por isso deveriam envergonhar qualquer deputado que apresente projetos de lei com pressupostos errados. Esta ignorância e incompetência tem sido a tónica de uma política brejeira que, em vez de resolver, prefere perverter. Há e continuará a haver pressões de várias entidades nas quais os nossos políticos estão envolvidos, mas o verdadeiro perigo vai muito além da pertença de cada um. O problema coloca-se ao nível da ética e da moral, aliás, conceitos pouco conhecidos por parte dos agentes políticos. Mas essa falta de ética não vem dos grupos ou associações. Todos ou, pelo menos, aqueles que são devidamente reconhecidos têm na sua natureza uma causa boa em si mesma. Assim, a perversão nasce depois, no coração prostituído de cada um, que por interesses próprios acaba enredado nas tramas das vielas, essas sim, secretas e muito mal frequentadas. O problema está na palavra, ou melhor, na falta dela. Recordemos que um político cumpre um serviço à nação. Não deve esperar uma nação para o servir.

O Opus Dei promove a santificação na família e no trabalho. Se os membros levarem a sério este ponto, estou certo de que jamais poderão servir outros interesses que não sejam os do “alto”. Mais que saber a que grupo cada um pertence, importa perceber o que move aquela pessoa a assumir aquele cargo político. Importa olhar e conhecer o que cada um é. Mas, afinal, que interesse terá a transparência de um objeto se depois vivermos às escuras? A transparência necessita de claridade. Somente vivendo com a luz se pode conhecer e apreciar o que nos rodeia. Existem e continuarão a existir formas de manipulação e de pressão. Para isso servem as opiniões, as redes sociais, a família, os amigos, os grupos e até os amigos que connosco vão passear o cão. Assim, se amanhã virem três homens a conversar baixinho num jardim, cuidado. Pode ser um grupo secreto que se esconde numa jogada fingida de passear animais mas que, na verdade, conspira para governar o mundo!

Professor e investigador