As ondas de choque provocadas pelo coronavírus fizeram-se sentir, ontem, nos mercados internacionais. A tendência negativa nas bolsas chinesas e asiáticas ultrapassou fronteiras e as principais praças europeias e norte-americanas cederam ao pessimismo crescente, registando fortes quedas.
O agravamento da situação em Itália – com o aumento do número de infetados e mortes – afundou a bolsa de Milão e abriu uma perspetiva de crise mais alargada no espaço europeu.
No final da sessão bolsista de Milão, a queda fixou-se em 5,43%, com perdas generalizadas nos vários setores. O maior banco do país, o Intesa Sanpaolo, chegou a cair cerca de 6,42% e a Salvatore Ferragamo, marca de bens de luxo, mais de 9%.
Portugal não fugiu à tendência dos mercados. O PSI20 caiu 3,53%, o que representou perdas estimadas superiores 2,2 mil milhões de euros. As cotações não caíam tanto desde o referendo do Brexit.
Esta situação vem agravar uma realidade que já não era, à partida, positiva. O surto do coronavírus surgiu num contexto já delicado para a economia mundial, fragilizada pela guerra comercial entre Estados Unidos e China. “Não é difícil de admitir que o impacto deste surto põe em causa as metas de crescimento dos países. Não só a China, nem tão pouco apenas a Ásia, pois o efeito de estagnação e o clima de risco nos mercados financeiros propaga-se também para a Europa”, afirma ao i.
Quanto a Portugal, André Pires não adianta previsões, considerando que “as condições económicas poderão ser mitigadas ou agravadas dependendo do impacto que o coronavírus vier a ter na Europa”.
Entretanto, o preço do ouro atingiu ontem máximos de sete anos, com uma onça de ouro, para entrega em abril, a subir 2,12% para os 1683 dólares.
Em tempos de crise, os investidores procuram no mercado do ouro um investimento de refúgio. Num ambiente de nervosismo, o valor da onça atingiu valores que haviam sido registados pela última vez em fevereiro de 2013.