Democratas. Sanders mais próximo da sua “revolução política”

Democratas. Sanders mais próximo da sua “revolução política”


Com a sua segunda vitória sucessiva, o senador cimentou-se como favorito para defrontar Donald Trump nas eleições presidenciais. 


É a segunda vitória consecutiva de Bernie Sanders nas primárias democratas, desta vez com uma margem significativa, no Nevada. O senador do Vermont, proponente do socialismo democrático e de uma “revolução política” nos Estados Unidos, tinha 46% dos 60,37% dos votos apurados ontem à hora  de fecho desta edição – o seu adversário mais próximo, o ex-vice-Presidente Joe Biden, tinha 19,6%. A vitória cimentou o estatuto de Sanders como principal candidato a adversário do Presidente Donald Trump e demonstrou a sua capacidade em captar os votos de minorias – será essencial nas eleições deste ano.

Recorde-se que, ao contrário dos primeiros dois estados a votar nas primárias, o Iowa e o New Hampshire, predominante brancos, no Nevada quase um terço da população é latina e um em cada 10 é negro: percentagens bem mais representativa do público norte-americano e do Partido Democrata. “Juntámos uma coligação multigeracional e multirracial, que não vai apenas vencer no Nevada, vai varrer este país”, fez questão de salientar Sanders perante os seus apoiantes no sábado, já em San Antonio, no Texas, após a sua vitória ser avançada pela Associated Press. 

Os caucus do Nevada – trata-se um método de votação arcaico, que não envolve boletins de voto, está mais próximo de uma reunião de vizinhos – não criam tanta expectativa como a que os do Iowa criam, sendo no arranque das primárias. Mas também surgem num momento crucial: dão grande ímpeto ao vencedor, pouco antes da Super Tuesday, a 2 de março, dia em que votam  14 estados. Em menos de dez dias, Sanders pode eleger tantos delegados à convenção democrata, em julho, tornando impossível a qualquer rival apanhá-lo.

 

“Veremos…” Face à vitória de Sanders, as reações não se fizeram esperar. Ainda está por entrar na campanha o bilionário Michael Bloomber, que já gastou uns estrondosos 450 milhões de dólares em anúncios  nestas primárias, segundo a NPR. Após saberem dos resultados no Nevada, os estrategas de topo de Bloomberg foram questionados pela Buzzfeed sobre quando deveria começar a apontar esses milhões contra Sanders, com anúncios negativos. “As campanhas são fluídas e ainda veremos…”, responderam.

Quem ressurgiu dos mortos no Nevada foi Joe Biden, apresentado como o principal candidato durante meses, até ser humilhantemente derrotado tanto no Iowa (onde ficou em quarto lugar) como no New Hampshire  (onde ficou em quinto). “Bem, estamos vivos”, declarou perante apoiantes em Las Vegas, afirmando que se mantém o candidato moderado mais viável.

Afinal, um dos seus principais rivais nesse campo, Pete Buttigieg, que surpreendeu no Iowa e New Hampshire, ficou atrás de Biden, com 15,3% dos votos. Buttigieg criticou a “inflexível e ideológica revolução” de Sanders e apelou aos democratas para que não se “apressem a nomeá-lo” como candidato presidencial.