Esta semana, Luísa Semedo de seu nome, pese embora nunca nela tenha ouvido falar (não colocando de lado a hipótese de a culpa desse desconhecimento ser inteiramente minha), demitiu-se. Ao que parece, Luísa Semedo era até há poucos dias conselheira e presidente do Conselho Regional da Europa (CRE) das Comunidades Portuguesas.
Depois disso parece ter-se demitido, circunstância que não só é completamente legítima como, eventualmente, pecará por tardia, dado que da mesma forma que eu nunca lhe tinha ouvido o nome, muita gente igualmente também nunca o terá escutado. Já isso, por si só, é capaz de ser demonstrativo de qualquer coisa. Mas não é na decisão de se demitir do cargo que até então desempenhava que reside o caricato da situação.
O caricato é que a sua demissão assenta, única e exclusivamente – de resto, por palavras da própria, na chegada de André Ventura ao Parlamento. Muito bem, sra. conselheira. Nunca tendo ouvido falar em si, não posso avaliar o que fez ou não fez, sob pena de poder hipoteticamente ser injusto. Mas uma coisa lhe digo: é preciso ser muito criança para uma atitude destas. Aliás, pessoalmente criança e institucionalmente desmerecedora do cargo que ocupava. Já viram se todos quantos, representando qualquer cargo público, começassem agora a demitir-se por esta ou aquela pessoa passar também, a partir de um determinado momento, a representar o país nalgum domínio? Era muitíssimo engraçado, de facto. Repito: criancinhas são na creche.
Pese embora não haja muitas com lugares vagos: dado que as políticas socialistas nada investem nessa área (como nas outras), talvez se tenha de encontrar uma solução extraordinária para este tipo de casos. Mas pior, muito pior que ter protagonizado uma completa criancice e ter demonstrado que não tem perfil para qualquer papel público, muito menos de conselheira seja do que for, foi o manifesto desrespeito que demonstrou pelas instituições da República Portuguesa, pelo deputado da nação André Ventura e por todos quantos nele votaram, conferindo-lhe de forma democrática o mandato que hoje exerce.
Segundo vários meios de comunicação social, disse Luísa Semedo sobre o deputado e líder do Chega que, e cito “não lhe reconheço legitimidade, penso que é fruto de uma anomalia, de uma falha do nosso sistema democrático. O racismo, o fascismo, o nazismo, o sexismo, a homofobia não são opiniões, são crimes".
Ora bem, vamos lá por partes. Primeiro, para que fique claro, qualquer português pode não gostar deste ou daquele deputado. O que já não pode é afirmar, muito menos quando tem algum cargo de relevo como parecia ter, friso, mesmo que nunca ninguém na senhora tenha ouvido falar, que não lhe reconhece legitimidade. A legitimidade afere-se nas urnas. Quanto à anomalia, são pontos de vista. Para mim, e não utilizo a palavra anomalia, mas antes anormalidade, é que individualidades com esta mentalidade possam exercer qualquer tipo de função de estreita ligação à governação. Por fim, quanto às considerações que tipificou como sendo apenas crimes, e não opiniões, são, uma vez mais, caricatas.
Julgo que sobre os crimes todos temos opiniões, e não é por se ter opiniões que se comete algum crime. Para quem, pelo menos a acreditar no que me transmitiram, é formada em Filosofia, a de Luísa Semedo é capaz de ser o início de uma nova corrente pensadora só compreendida pela autora e que, portanto, nunca fará escola. Ou seja, aquilo que eu quero transmitir, além de um manifesto repúdio por declarações tão ridículas como a da sra.
Conselheira, é que uma coisa é certa: todos quantos não gostam de André Ventura, de não gostar dele estão no seu direito. Mas têm o dever de lhe ligar ou mandar um SMS a agradecer ser o homem que lhes permite, pelo menos nos últimos meses, ter uns quaisquer cinco minutos de fama. É que se não fosse entreterem-se a criticá-lo, na maioria das vezes desleal e vexatoriamente, não serviam para mais nada.
Rodrigo Alves Taxa