Grammys.  A noite da bad girl

Grammys. A noite da bad girl


Billie Eilish saiu pela porta grande e foi a grande vencedora da noite. Já Rosalía tornou-se a primeira artista espanhola a conquistar um Grammy internacional. E Michelle Obama – sim, a ex-primeira-dama – também foi distinguida.


Dezoito anos, cinco Grammys, o mundo tomado de rajada. Assim foi 2019 para Billie Eilish, e se apenas de um nome se falasse seria o dela o usado para resumir a noite dos Grammys que, na madrugada de domingo para segunda-feira (hora portuguesa), roubou os holofotes durante quatro horas no Staples Center, em Los Angeles (EUA). A jogar em casa, a californiana foi a grande vencedora: ganhou o Grammy na categoria Gravação do Ano e Canção do Ano (com Bad Guy), Álbum do Ano e Melhor Álbum Pop Vocal (When We All Fall Asleep, Where Do We Go?), e ainda Artista Revelação. Finneas, braço-direito e irmão de Eilish – que também levou para casa o Grammy de Melhor Produtor –, subiu ao palco para encorajar todos os jovens a não terem medo de se expressar. “Fizemos esta música no nosso quarto. Esta é a mensagem para os miúdos que fazem o mesmo: um dia podem ganhar um destes”, afirmou, referindo-se ao, pelo número de referências, incontornável tema da cerimónia: Bad Guy.

A noite foi então de Billie Eilish, que assim entra na maioridade sem braços para tantos prémios, que só vêm, afinal, confirmar que o último ano foi mesmo dela, uma vez que já tinha sido considerada pela Billboard como a Artista do Ano. “São duas! Isto é uma loucura”, dizia Eilish quando foi chamada ao palco pela segunda vez, emocionada e incrédula, e ainda sem saber que a procissão de prémios ainda ia a meio. Os manos Eilish subiriam ao palco juntos para ele a acompanhar ao piano em When The Party’s Over.

Aerosmith, Ariana Grande, Gwen Stefani e Blake Shelton, Lizzo, Jonas Brothers, Tyler, The Creator, Demi Lovato, Camilla Cabello, Sheila E. FKA Twigs e Usher (que homenagearam Prince), John Legend, DJ Khaled e Meek Mill – que, no final, prestaram tributo a Nipsey Hussle, falecido em 2019 – ou ainda Alicia Keys (e o seu medley ao piano) foram outros dos nomes a subir ao palco, numa noite em que a morte de Kobe Bryant, recordada de forma especial no edifício em que tantas vezes jogou, ensombrou a festa. “Estamos devastados”, afirmava logo no início da cerimónia Alicia Keys, que conduziria o evento. “Estamos aqui de coração partido numa casa que Kobe Bryant construiu”.

As evocações a Kobe seriam uma constante ao logo de uma noite agridoce mas em que, como de costume, a excentricidade não ficou à porta.

Para lá da passadeira, cada vez mais colorida ao invés de vermelha, e da supremacia de Billie Eilish, houve outro nome que sobrevoou o Atlântico para continuar a afirmar-se como uma das cantoras sem fronteiras da nova geração. Falamos de Rosalía, a catalã que se rendeu ao flamenco e o misturou com o reggaeton e com a pop num estilo que ainda não há uma só palavra que defina. Depois de uma atuação em que misturou dois temas, a nomeada para duas categorias – Melhor Artista Revelação e Melhor Álbum de Rock Latino, Urbano ou Alternativo – acabaria por ter 50% de eficácia ao vencer este último, com o trabalho El Mal Querer. Subiu ao palco vestida de branco e franjas para, depois de no ano passado ter tomado de assalto os Grammys latinos – os mesmos em que José Cid foi homenageado –, se tornar a primeira artista espanhola a vencer um Grammy internacional.

De entre a crescente lista de categorias de Grammys a concurso e que se espraia cada vez mais para lá da música, até Michelle Obama recebeu uma distinção: recebeu o Melhor Álbum de Spoken Word, por Becoming. Mais exemplos? Dave Chappelle também não foi para casa de mãos a abanar, levando consigo o título de Melhor Álbum de Comédia.