Luís Montenegro: uma escolha social-democrata


Luís Montenegro oferece um PSD renovado, com capacidade de combate e vontade de pôr fim ao “Socialistão” em que Portugal se está a tornar.


Quando os militantes do PSD votarem, no próximo sábado, não vão apenas fazer uma escolha entre dois tipos de liderança ou dois projetos políticos. O nosso voto é muito mais importante do que isso. Cada um de nós, militante do PSD, estará a decidir sobre dois destinos possíveis para o nosso partido. Dois destinos possíveis, mas irreconciliáveis. É fundamental que cada um saiba exatamente ao que vai. Que cada um esteja ciente da sua responsabilidade histórica.

A escolha à nossa frente é muito simples: podemos começar já a reconstruir o novo PSD, grande e democrático, moderno e aberto às forças da sociedade civil, capaz de capitanear sem complexos todo o centro-direita no combate ao socialismo infantil; ou então, com o nosso voto, com a nossa passividade conivente e tática, largamos o PSD na espiral de irrelevância social e política em que se encontra, condenando o grande partido de Sá Carneiro a moço de recados do Partido Socialista.

Como militante social-democrata há 40 anos, sei bem qual é o meu lugar.

O meu lugar é ao lado dos meus companheiros que não se conformam com a subalternização do PSD no sistema político português.

O meu lugar é ao lado daqueles que, no meu partido ou noutras famílias políticas, lutam contra o socialismo hegemónico que arrasta o país para a falência moral e política.

O meu lugar é com aqueles sociais-democratas que, não concordando circunstancialmente com as lideranças, são sempre solidários e leais ao partido, sobretudo nos períodos mais difíceis da nossa história recente. Eu gosto do PSD, eu gosto dos meus companheiros.

É por isso que o meu lugar é, de agora em diante e sem hesitações, ao lado de Luís Montenegro.

Rui Rio está errado. Está profundamente errado. E o PSD está hoje a pagar um preço muito alto por opções estratégicas que são fundamentalmente anti- -sociais-democratas.

Tudo começa numa obsessão que Rio tem contra os militantes do partido. Não gosta deles. É suave com o Governo PS e duro com os seus companheiros. Isso foi evidente ao longo do mandato que agora termina.

De cada vez que tem responsabilidades, Rio refilia, purga, molda as estruturas à sua imagem. Torna-as mais pequenas, mais regionais, mais maleáveis, ainda que o argumento seja exatamente o inverso: a ética e a credibilidade, das quais Rio é intérprete exclusivo e privilegiado. Ao fim deste tempo, porém, já todos sabemos que os banhos de ética de Rio acabam em banhadas. Resultado: o PSD é hoje um partido com uma base militante que já nem enche um estádio de futebol. O desejo de excluir os militantes da Madeira das diretas – obviamente porque se supõe que o seu sentido de voto é contrário ao desejado pela direção – é um atropelo à autonomia regional.

Rio adota a persona impoluta, honesta, para lá de todos os truques e táticas. É Deus acima dos homens e Rio acima dos militantes. Desconhece-se que algum dia um anjo tenha chegado a líder de um partido. Rio não é político ou não é anjo – ou ambos.

Rui Rio está errado. O problema não é tanto o erro em si, mas permanecer nele com soberba. O candidato já admitiu que não devemos esperar coisas diferentes dele: se chegar à liderança, os próximos dois anos serão iguais aos últimos dois. Para os mais desatentos, nos últimos dois anos tivemos uma derrota estrondosa nas europeias, fizemos o pior resultado nas legislativas desde 1983 e ainda vimos nascer três partidos dentro do nosso bloco ideológico. Partidos construídos em cima de eleitorado tradicional do PSD.

Isto era um desastre à espera de acontecer. Alertei para isso diversas vezes. Mas como o PSD está hoje entregue a homens providenciais, estar contra o líder é estar contra o partido.

Não lhe tendo servido de emenda ter sido aldrabado em todas as negociações que fez com o PS – descentralização, fundos comunitários, lei de bases da saúde –, Rio prepara-se para repetir uma estratégia sem pés nem cabeça. Com riscos de sobrevivência elevados para o partido, Rio continuará a definir o posicionamento político do PSD sobretudo em função dos desejos circunstanciais e utilitários do PS, e menos pela afirmação da nossa identidade genética.

Quando tudo o resto falha, sobra o recuo para a “ética” e o “interesse nacional” como proposta política. É pouco, é pobre. É uma máscara para a insuficiência da agenda política de Rui Rio. A resposta dos portugueses está à vista.

Estas são razões mais do que suficientes para apoiar Luís Montenegro numa mudança tão necessária quanto urgente.

Mas há mais razões. Mais fundas. Razões de caráter. É que há coisas que não se esquecem. E por mais anos que viva, os meus mais de 40 anos de militância (estive na fundação da JSD, em finais de 1974) não me deixam esquecer que foi de dentro da nossa família que surgiram os ataques mais vis e repugnantes ao PSD.

Rui Rio gosta de dizer que só o interesse nacional o move. Pergunto: onde é que estava Rui Rio no maior de todos os testes ao interesse nacional, quando foi preciso salvar o país da bancarrota? Os militantes sabem onde estava Luís Montenegro: ele era o nosso líder parlamentar, era a primeira barreira do partido contra os ataques dos nossos adversários. Rui Rio, onde estava? Estava nos corredores subterrâneos, aqueles que o candidato tanto despreza, a manobrar contra Pedro Passos Coelho, contra o PSD, a fazer o jogo dos nossos opositores. O tempo não apaga a vergonha de ver militantes do nosso partido de braço dado com a extrema-esquerda na Aula Magna. Uma vergonha com que tem de viver Rui Rio, porque é no seu círculo que essa gente encontrou abrigo.

Rui Rio é este permanente paradoxo. É o contrário do que diz que é. Tem-se na conta de guardião da social-democracia e defensor do partido. É mesmo? Onde andava Rui Rio nas autárquicas de 2013? Luís Montenegro fez campanha pelo país, ao lado dos homens e mulheres que ergueram a nossa bandeira. Rui Rio, o mesmo Rio que agora se diz muito preocupado com o resultado das autárquicas de 2021, e os seus proxies andaram a destruir a presença autárquica do PSD no Porto, em Sintra e em tantos outros lugares onde fomos traídos dentro de casa.

Os militantes sociais-democratas têm uma escolha a fazer. Com a atual liderança, o PSD não existe para fazer oposição, não existe como alternativa, não existe na vida dos portugueses e dos militantes. É antítese do projeto de Sá Carneiro. Está a milhas do partido grande, de Cavaco Silva, e reformista, de Pedro Passos Coelho.

Luís Montenegro oferece um PSD renovado, com capacidade de combate e vontade de pôr fim ao “Socialistão” em que Portugal se está a tornar.

E se tudo o resto se mantivesse constante, bastava pensar no seguinte:

Luís Montenegro nunca foi daqueles que acharam que um voto no PS era melhor do que um voto num companheiro seu; nunca andou em comícios do PS; nunca apoiou nem participou em candidaturas que não fossem do PSD. E Rui Rio e os seus apoiantes podem dizer o mesmo?

Está nas nossas mãos um PSD com futuro, um Portugal melhor. Dia 18, eu voto num social-democrata de todas as horas. Eu apoio o companheiro Luís Montenegro.

Presidente da Câmara Municipal de Cascais

Escreve à quarta-feira