Nos próximos quatro dias, os dois candidatos à presidência do PSD, Rui Rio e Luís Montenegro, têm uma missão: captar os votos de quem ficou em casa no partido, no passado dia 11 de janeiro, ou seja, de 8709 sociais-democratas com quotas em dia mas que não foram às urnas escolher o líder para os próximos dois anos.
Há ainda outro dado importante. É preciso angariar votos entre quem votou em Miguel Pinto Luz, o candidato que ficou fora da corrida. Afinal, são 2915 votos que estão em jogo. A dúvida é a de saber se este universo eleitoral regressa novamente às urnas no próximo sábado, dia 18, com previsões de chuva um pouco por todo o país.
Mas vamos à estratégia de cada um. Rui Rio, recandidato a líder, falhou a vitória à primeira volta por uma unha negra e goza da chamada dinâmica de vitória. Segundo apurou o i, a estratégia do presidente do PSD será a de tentar convencer mais os militantes anónimos, sejam os apoiantes de Pinto Luz, seja quem se absteve. A ordem é simples: fazer ações de campanha sem espetáculo, sem grandes assembleias de militantes e apostar em distritos como o de Lisboa, onde Rio obteve 1138 votos, menos 333 do que Pinto Luz, o candidato mais votado.
Do lado de Luís Montenegro, a ideia é a de tentar desmontar a dinâmica de vitória de Rio. Por exemplo, há quem lembre ao i que o líder do PSD foi eleito há dois anos com 22 728 votos. Agora teve menos 7191.
Assim, mal se souberam os resultados, a equipa de Luís Montenegro colocou em prática o discurso da noite eleitoral: “Foram mais os militantes que votaram na mudança do que na continuidade”, avisou Montenegro, depois de uma noite em que se chegou a dar por perdida a hipótese de uma segunda volta. Por isso, Pedro Alves, diretor de campanha do antigo líder parlamentar, organizou um encontro com apoiantes de Pinto Luz para o dia seguinte, em Coimbra. Objetivo? Conseguir amealhar apoios do candidato que ficou fora da corrida para o lado de Luís Montenegro. E a estratégia parece estar a dar os seus primeiros frutos. Ontem, pela manhã, o diretor de campanha de Pinto Luz, José Matos Rosa, declarou o apoio a Luís Montenegro. Na véspera, já Bruno Vitorino, um apoiante importante de Pinto Luz, também passara o apoio para Luís Montenegro. O líder da distrital de Setúbal foi dos primeiros a declarar apoio a Montenegro para a segunda volta, agora que o vice-presidente da Câmara de Cascais está fora da corrida.
De Lisboa também surgiu o apelo do presidente da distrital do partido, Ângelo Pereira, até aqui apoiante de Pinto Luz: “No próximo sábado, dia 18, seremos chamados a votar de novo. Os resultados eleitorais do passado sábado demonstram que a maioria dos militantes do PSD desejam a mudança” e Luís Montenegro “é hoje o único candidato que pode oferecer um novo caminho para o PSD, pela mudança que representa”.
Miguel Relvas, ex-braço-direito de Passos Coelho, alinhou inicialmente com Pinto Luz. Agora apoia Montenegro. “Sempre acreditei que o PSD queria mudar depois de duas derrotas muito significativas: derrota nas legislativas com 28% e nas europeias com 21%”, disse à Rádio Renascença o antigo dirigente.
Também o líder da concelhia do PSD/Cascais, Nuno Piteira Lopes, indefetível de Pinto Luz, apoia Montenegro – isto apesar de o vice-presidente da Câmara de Cascais já ter dito que se iria colocar fora desta contenda. No distrito de Lisboa, a maioria das concelhias estarão do lado de Montenegro.
Porém, entre os apoiantes de Pinto Luz há quem prefira Rui Rio. É caso de Mira Amaral. O antigo ministro da Indústria de Cavaco Silva disse ao i que há um mês escreveu um artigo de opinião (no Expresso) onde defendeu que Rui Rio “ainda seria o presente do PSD e o eng.o Miguel Pinto Luz seria o futuro. Obviamente que apoio o dr. Rui Rio”, frisou ao i.
A deputada Ana Miguel Santos, que apoiou Pinto Luz no dia 11, opta agora também por Rio, tal como o deputado Nuno Carvalho, que foi cabeça-de-lista por Setúbal, ou o cientista Carvalho Rodrigues.
O mandatário distrital de Bragança de Pinto Luz, Manuel Rodrigues, também escolhe Rui Rio no dia 18.
Já Carlos Carreiras, um dos principais apoiantes de Pinto Luz (e presidente da Câmara de Cascais), disse ao i que está em “período de reflexão”. Por seu turno, José Eduardo Martins, outro dos seus apoiantes, não irá votar no sábado, conforme afiançou ao jornal Eco.
No meio da campanha há ainda o caso dos votos anulados na Madeira por não ter cumprido o regulamento nacional – e pago quotas na sede regional. Hoje, a comissão política regional reúne-se para decidir como atuar no próximo sábado. Para já, a eleição não contou com qualquer voto do PSD/Madeira. E votaram mais de 1600 militantes daquela região.