As famílias portugueses gastaram, em média, 13,4% do seus rendimentos anuais para pagar despesas relacionadas com os transportes. No total, o valor atingiu os 18,9 mil milhões de euros, de onde se conclui que cada português tenha gasto, em média, 1.830 euros com este setor.
As conclusões surgem no relatório anual do Eurostat sobre as despesas das famílias com os transportes nos países da União Europeia, referente a 2018. Segundo o gabinete estatístico europeu, nesse ano os custos com o setor na Europa dos 28 chegaram aos 1,1 biliões de euros, o equivalente a 7,2% do Produto Interno Bruto da União Europeia. Em termos de categoria, os transportes representaram a segunda maior fatia do bolo das despesas domésticas, ficando apenas atrás da habitação (que tem um peso de 24%). Feitas as contas, cada agregado familiar da União Europeia canalizou, em média, 13,2% do total dos seus rendimentos para despesas com os transportes. Os alimentos e as bebidas não alcoólicas aparecem em terceiro lugar, tendo consumido 12,1% dos rendimentos.
Ao considerarmos a realidade portuguesa, concluímos que, em 2018, as despesas com transportes das famílias estiveram em linha com a média dos restantes estados-membros. O peso no orçamento familiar de 13,4% colocava o país na décima posição neste ranking comunitário, só muito ligeiramente acima dos já referidos 13,2%.
Estes dados confirmam uma subida da despesa no setor dos transportes e do seu impacto para os agregados familiares. Em 2017, estes valores tinham alcançado os 17,8 mil milhões de euros, o que representava 13,3% dos gastos totais. No ano seguinte, 2018, a soma despendida aumentou em cerca de 1,1 mil milhões de euros, fazendo aumentar a carga do setor em 0,1%.
Ainda assim, e olhando a uma distância de dez anos, depreende-se que a realidade tem vindo a melhorar ao longo da última década. O setor tornou-se menos oneroso para a carteira dos portugueses, tendo em conta que em 2008 os transportes custavam às famílias portugueses 17,4 mil milhões de euros, o que representava 14,5% do total das despesas – um valor que, atualmente, colocaria o país entre os sete primeiros da tabela.
Analisando os dados apresentados pelo Eurostat, chega-se à conclusão de que no espaço da União Europeia é na Eslovénia que os gastos com os transportes mais pesam nos agregados familiares, representando 16,9% do orçamento. Naquele país, com uma população de pouco mais de dois milhões de habitantes, as despesas com o setor fixaram-se em 2018 nos 4,28 mil milhões de euros. Na segunda posição da tabela surge a Lituânia (com custos de 4,42 mil milhões de euros, que significam 15,8% do orçamento familiar total) e, na terceira, o Luxemburgo (com gastos de 3,17 mil milhões de euros e 15,8%).
Do lado contrário, é na Eslováquia onde os transportes pesam menos (apenas 6,6% e 3,27 mil milhões de euros), surgindo, logo de seguida, a Croácia (9,7% e 3,62 mil milhões de euros), a República Checa (10,4% e 10,5 mil milhões de euros) e a Roménia (11,2% e 13,76 mil milhões de euros).
Segundo o Eurostat, entre 2008 e 2018 o impacto das despesas com os transportes nos orçamentos dos agregados familiares da União Europeia diminuiu ou manteve-se estável na maioria dos Estados-membros. A maior queda verificou-se na Roménia: na última década, o impacto com os transportes diminuiu de 15,1% para 11,2% dos rendimentos das famílias. Uma descida de 3,9%, apenas comparável com as registadas em países como a Bulgária e o Chipre (ambos com quebras de -2,5%) e o Luxemburgo (-2%).
Por outro lado, o peso das despesas com os transportes na última década aumentaram em nove Estados-membros da União Europeia, com destaque, neste capítulo, para a Polónia, que passou de 11,7% em 2008 para 12,9% em 2018.
Portugal Aposta nos transportes públicos A aposta crescente nos transportes públicos em Portugal tem alterado o cenário da mobilidade em território nacional. O impacto no próximo relatório do Eurostat sobre o preço e o peso do preço dos transportes nas contas das famílias, referente a 2019 – e que será previsivelmente publicado nos primeiros dias de 2021 –, já deverá refletir essa situação, depois de, no ano passado, o preço dos passes mensais dos transportes públicos coletivos nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto terem diminuído substancialmente, graças ao Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART). A medida levou a um aumento significativo dos utilizadores, permitindo, à partida, uma poupança diária e imediata. Em 2019, esta tendência refletiu-se, ainda, no aumento do investimento privado no setor, que viu nascerem 4.339 novas empresas – a maior parte de transporte ocasional de passageiros em veículos ligeiros –, mais 2.180 do que no mesmo período de 2018 (o que correspondeu a um crescimento de 101%). Este crescimento, inicialmente mais evidente na área metropolitana de Lisboa, alargou-se também aos distritos do Porto, Faro e Setúbal e foi uma constante ao longo do ano.
Para 2020, a aposta vai manter-se, por um lado, com a manutenção dos preços dos passes em Lisboa e Porto – com os aumentos a incidirem apenas nos bilhetes pontuais e diários – e, por outro, com os passes da região do Oeste para Lisboa, tanto rodoviários como ferroviários, a ficarem mais baratos.
No que diz respeito ao automóvel, os preços das portagens nas autoestradas vão manter-se inalterados em 2020, respeitando a taxa negativa de variação homóloga calculada em outubro do ano passado.
Quanto aos impostos ISV e IUC, as atualizações vão ser efetuadas à taxa de 0,3%. Também o preço da inspeção automóvel deverá aumentar, neste caso em 0,25%.