Educação. Quase dois mil professores colocados no final do ano

Educação. Quase dois mil professores colocados no final do ano


Maioria dos contratos são precários, com a duração de um mês


Em 2019 foram colocados mais 1741 professores a contrato nas escolas portuguesas face ao ano anterior, por forma a substituir profissionais do quadro que se encontrem inativos, sobretudo devido a baixas médicas. Os dados são da Direção-Geral da Administração Escolar (DGAE), que é responsável pela gestão de recursos humanos neste setor, e foram revelados no passado dia 27 de dezembro. 

De acordo com o blogue DeArlindo, especializado em estatísticas relacionadas com a educação, já entraram 19874 professores nas escolas desde o início do ano letivo. No mesmo período de 2018/19, este número estava fixado nos 18094. O autor do blogue, Arlindo Ferreira, explica ao i que a grande maioria destes docentes contratados tem contratos precários, com a duração de apenas um mês, que “no melhor dos casos é renovado por um outro”.

Já Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), disse ao i que este aumento da contratação de docentes tem que ver com o envelhecimento da profissão e com o maior desgaste destes profissionais, que leva a mais docentes com situação de baixa médica.

“Temos hoje um corpo docente que é muito envelhecido, quase que não temos professores com menos de 40 anos, enquanto que uma grande percentagem tem mais de 60 anos. É natural que num contexto destes hajam mas baixas médicas, visto que estamos a falar de um grupo que está numa fase onde o desgaste é maior, tanto físico como psicológico, e onde vão surgindo doenças”, explica. 

Segundo o relatório “Education at a Glance 2019”, da OCDE, Portugal é dos países com o corpo docente mais envelhecido, com cerca de 41% dos docentes do ensino básico e secundário em Portugal tem mais de 50 anos. Por outro lado, apenas 1% dos professores portugueses tem menos de 30 anos.

Também Mário Nogueira afirma que esta maior contratação continua a ser uma insistência na precariedade e acusa este e anteriores Governos, tal como Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação, de “andar alegremente a olhar para a situação e fazer rigorosamente nada, tal como se vê no Orçamento do Estado 2020, onde não está previsto nada para contrariar esta situação”, o envelhecimento e a falta de atratividade da profissão.