A crise dos sem-abrigo na Europa

A crise dos sem-abrigo na Europa


Pela Europa, a situação dos sem-abrigo é preocupante. A federação europeia das organizações nacionais (FElANTSA), que trabalha com sem-abrigo, reúne regularmente os números de cada país europeu e, segundo o último relatório, feito este ano, são cada vez mais as pessoas sem casa, exceto na Finlândia. 


Alemanha

Sem incluir o número de refugiados que vivem na Alemanha, entre 2014 e 2016, este país passou de 330 mil sem-abrigo para 420 mil. No entanto, os números são pouco fiáveis, já que a recolha de dados não é legalmente exigida. Tal como acontece noutros países da Europa, também na Alemanha não existe uma estratégia nacional implementada. O custo do aluguer de uma casa está a subir a cada ano que passa e isso é um dos motivos indicados pela FEANTSA para justificar o elevado número de pessoas que não têm casa.

Hungria

O Governo de Viktor Orbán quis pôr fim aos sem-abrigo. E fê-lo, no ano passado, através da implementação de uma lei que classifica o facto de dormir na rua como ilegal. Hoje, se alguém for encontrado a dormir na rua, as autoridades apreendem todos os bens dessa pessoa – o que normalmente passa pelo colchão e cobertores. A Organização das Nações Unidas considerou a medida desumana, mas desde 2013 que já existiam medidas que apontavam neste sentido: há seis anos, quem dormisse na rua era multado e existiam zonas interditas a sem-abrigo. Os dados de 2018 referem que na Hungria existem 8650 sem-abrigo – mais de dois mil vivem na rua e 6300 em centros de acolhimento. 

Suécia

“A falta de casas é um dos problemas sociais mais graves da Suécia e uma grande parte da explicação para as 33 mil pessoas que vivem hoje em situação de rua”, lê-se no relatório feito este ano pelas associações suecas. A FEANTSA referiu no último levantamento que o Governo não tem uma estratégia nacional e a situação de sem-abrigo não tem ainda prioridade, estando o país dependente de uma estratégia que terminou em 2009 e nunca foi atualizada. 

Finlândia

Este país é um modelo em medidas para diminuir o número de pessoas que não têm um teto. A Finlândia é o único país da Europa onde o número de sem-abrigo tem diminuído ao longo dos anos e já tem menos pessoas a dormir nas ruas do que Portugal – em 2017, os dados apontavam para 6615. Pelo menos é o que dizem os relatórios da FEANTSA. O programa Habitação Primeiro tem recebido elogios, já que funciona ao contrário: o primeiro objetivo é evitar que as pessoas sejam despejadas, facilitando também o acesso à habitação e impedindo que as pessoas fiquem sem casa.

França

Em 2017, o Presidente francês, Emmanuel Macron, foi bem claro: “Até ao fim do ano, não quero ter mais homens e mulheres na rua, nos bosques, perdidos”. Mas a verdade é que o número de sem-abrigo tem aumentado e mais de 12 mil pessoas vivem na rua, de acordo com as estatísticas oficiais. Os aumentos do valor das rendas e, consequentemente, dos despejos são dois motivos para justificar os números que levaram a Organização das Nações Unidas a acusar o país de violar os direitos humanos das pessoas sem-abrigo. França simboliza também a morte ao relento. No ano passado morreram 566 pessoas que viviam na rua, e mais de 100 estavam em Paris. 

Polónia

O último documento da FEANTSA refere que, a par com Portugal, a Polónia é um dos países onde a questão da habitação merece mais atenção. Segundo o relatório mais recente, com dados de 2017, foram registados 33 408 sem abrigo e, 
no ano passado, não existia ainda “uma estratégia nacional para 
os sem-abrigo”.