PSD. 666 mil telespetadores e lavagem de roupa suja

PSD. 666 mil telespetadores e lavagem de roupa suja


Candidatos a presidente do PSD tiveram o primeiro confronto televisivo com um share de 13% na RTP. No PSD há quem tema que os ataques na discussão tenham prejudicado o partido.


O primeiro round já está. Os três candidatos à liderança do PSD – Rui Rio, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz – confrontaram-se na RTP/RTP3 e tiveram 666 mil telespetadores, com um share de 13% (dados oficiais cedidos pela RTP), um pouco acima do duelo de há dois anos entre Rui Rio e Santana Lopes na estação pública, que teve um share de 10,7%, com mais de meio milhão de telespetadores.

O debate de 50 minutos não teve propriamente vencedores, mas o país assistiu a cerca de 20 minutos de ataques entre adversários, ou melhor, dois lados da barricada: Rui Rio contra Montenegro e Pinto Luz.

Na base da troca de galhardetes estiveram as queixas de Rio sobre o clima de guerrilha interna, com acusações de hipocrisia aos seus adversários e a colagem de Pinto Luz e Montenegro à maçonaria. Ambos negaram que pertençam à maçonaria, mas o debate acabou por deixar um lastro de desagrado entre militantes do PSD, ouvidos pelo i sob anonimato.

Rio, presidente do PSD e recandidato, foi o primeiro a admitir que a fase inicial da discussão prejudicou o partido. A primeira parte “é má, prejudica até o PSD”, reconheceu ontem aos jornalistas, à margem de uma visita à 4.a Divisão da PSP, em Lisboa. O recandidato a líder reconheceu, por isso, que terá de fazer uma reflexão sobre próximos debates, ainda em negociação. Contudo, até ver, o também presidente do PSD não se deverá opor a mais debates, desde que sejam a três. Há duas propostas em cima da mesa: uma da SIC, no dia 3 de janeiro, e outra, na TVI, no próximo dia 6 de janeiro.

Já Miguel Pinto Luz, que ontem esteve no Porto a recolher apoios das estruturas, recusou a ideia de que os primeiros momentos do debate se tenham traduzido numa “lavagem de roupa suja”. “Na vida é importante fazer balanços, balanços dos mandatos que nos são concedidos em democracia e, portanto, é importante que, ao fim de dois anos, um líder de um partido faça esse balanço. Como eu, que tive responsabilidades no passado, também tive de fazer os mesmos balanços ontem, quando fui confrontado com esses resultados e assumi esses resultados. Eu não entendo que seja lavagem de roupa suja”, declarou aos jornalistas o também vice-presidente da Câmara de Cascais. Pinto Luz recebeu o apoio do líder da concelhia do PSD/Porto, Hugo Neto, e do antigo presidente da distrital do Porto, Virgílio Macedo, rostos importantes de uma maiores estruturas distritais do PSD.

Já Luís Montenegro confessou que “talvez se tenha perdido tempo excessivo a falar de questões internas”, em declarações à RTP, logo à saída do debate. Nas redes sociais, os seus apoiantes reclamaram vitória e atacaram a postura de Rui Rio.

Foi o caso de Carlos Abreu Amorim, ex-deputado, a contestar a “conversa de ervanária” de Rio num “dos momentos mais negativos da história do PSD” a que assistiu. A ex-deputada Teresa Morais acrescentou: “Temos de eleger um líder! Capaz de unir, de mobilizar, de devolver a alma ao PSD e de dar ao País uma alternativa em que acreditar! Se alguém tinha dúvidas, hoje terá percebido que é Luís Montenegro quem melhor o pode fazer!”, escreveu no Facebook.

Ontem, Rui Rio recebeu mais um apoio à sua candidatura, o de Manuela Ferreira Leite. “Não tenho nenhuma dúvida em apoiar Rui Rio. Estou a escolher o melhor candidato a primeiro-ministro”, declarou Manuela Ferreira Leite num comunicado oficial da recandidatura à liderança. Além deste apoio, surgirão mais nomes ligados ao mundo académico nos próximos dias.

As eleições diretas no PSD estão marcadas para 11 de janeiro.