Benfica-Sp. Covilhã. Ouviu-se no Vale do Jamor o rugido do leão da serra…

Benfica-Sp. Covilhã. Ouviu-se no Vale do Jamor o rugido do leão da serra…


O Benfica regressa hoje à serra para defrontar o Sporting da Covilhã, num jogo que tem história e já foi mesmo final da Taça de Portugal no ano de 1957. Um tempo em que os covilhanenses tinham chegado há pouco à i Divisão e eliminaram o FC Porto com vitória nos dois jogos (1-2 nas…


Quando, no dia 2 de junho de 1957, o Estádio Nacional encheu para a final da Taça de Portugal entre Benfica e Sporting da Covilhã, os encarnados sabiam que não podiam confiar na sua natural superioridade. Afinal, os homens da serra tinham afastado o FC Porto nos quartos-de-final com duas vitórias tonitruantes, 1-2 nas Antas e 1-0 no Santos Pinto.

Jogadores como os espanhóis Martín e Suarez, o guarda-redes Rita, o grande Fernando Cabrita, Manteigueiro e Amílcar Cavém, irmão de Domiciano, que alinhava do outro lado, metiam respeito. E o Benfica tratou-os com todos os cuidados. O que não quer dizer que, a pouco e pouco, não fosse tomando conta dos acontecimentos e sendo, como se esperava e era sua obrigação, o conjunto mais dominador e mais perigoso. A verdade é que os covilhanenses não tinham grande experiência de jogos a doer e só haviam chegado à i Divisão, pela primeira vez, na época anterior.

Aos 12 minutos, Coluna deu a bola a Águas e este isolou Salvador para o 1-0. O golo madrugador parecia condenar o interesse competitivo do encontro. Dos mais de 60 mil espetadores que rodeavam o relvado, raros seriam os que não não apostavam na vitória dos lisboetas. E com razão.

Logo a seguir, José Águas fez o 2-0 e essa convicção acentuou-se.

Ah! Mas os leões da serra não se entregaram. Nem pensar. Foram ao fundo da alma buscar forças e ânimo. Cabrita era imponente na forma como incitava os companheiros. Pires, de fora da área, chuta com colocação e violência. Golo! 2-1. Quem diria que só estavam decorridos 18 minutos?! Parecia algo inacreditável.

O jogo tem parada e resposta. O Benfica força, o Covilhã remete-se cada vez mais à defesa, mas é um conjunto personalizado e valente. Martín e Suarez são ferozes nos contragolpes. Palmeiro obriga Rita a defesas dignas dos maiores aplausos.

O cansaço vai-se entranhando nos serranos com o decorrer dos minutos. E eles multiplicam-se inexoravelmente em direção ao 90.o. A vantagem encarnada no marcador dá ao Benfica a segurança de um triunfo prometido por antecipação mas que precisou de ser batalhado, sofrido. Estamos no minuto 87. Os adeptos benfiquistas preparam-se para comemorar mais um troféu. Têm razão para estar felizes, tal como os adeptos do Sporting da Covilhã têm motivos para sentirem orgulho dos seus rapazes. Um centro de Palmeiro vai encontrar Coluna na grande área de Rita. A cabeçada do moçambicano é fortíssima: 3-1. Jacinto, o capitão, ergueu a taça.