Manuel Monteiro. “O CDS não cresce apenas com os que lá estão”

Manuel Monteiro. “O CDS não cresce apenas com os que lá estão”


Monteiro quer voltar ao CDS e contribuir para o debate de ideias. Direção do partido está a criar dificuldades e é acusada de prepotência.


O regresso de Manuel Monteiro ao CDS está a gerar polémica. O ex-líder do partido escreveu uma carta ao secretário-geral dos centristas, Pedro Morais Soares, a exigir explicações pelo atraso na sua refiliação. A forma como o processo está a ser gerido pela direção tem motivado várias críticas internas.

Monteiro saiu em 2003 em rutura com Paulo Portas, mas nos últimos anos reaproximou-se do partido e tem participado em algumas iniciativas dos centristas. O regresso foi aprovado, há um mês e meio, pela concelhia da Póvoa do Varzim, mas a direção adiou a decisão para quando o partido tiver uma nova liderança. Na prática, o processo de refiliação pode ficar parado até janeiro do próximo ano e Monteiro ficará impedido de marcar presença no próximo congresso, previsto para os dias 25 e 26 de janeiro.

Ao i, Manuel Monteiro explica que escreveu esta carta para questionar a direção do partido sobre se tem “outra interpretação dos estatutos”, porque compete à concelhia decidir sobre os pedidos de filiação. “Qualquer decisão política num Estado de Direito tem de se basear em regras. É essa a diferença entre as ditaduras onde impera a lei da força e as democracias onde impera a força da lei”, diz. Para o ex-líder do CDS, “a questão é política”, mas o CDS, após a pesada derrota nas últimas legislativas, devia estar aberto “a atrair todas as pessoas que se afastaram” nos últimos anos. “O partido não cresce apenas com os que lá estão, como se viu. Posso dar um contributo como militante de base para ajudar a um debate de ideias que me parece essencial existir dentro do partido”, afirma.

Ilegal e um erro político A forma como este processo tem sido gerido pelo partido tem motivado várias críticas internas, mesmo dentro da direção do partido. Filipe Anacoreta Correia defende que “os estatutos do CDS não atribuem competência à direção do partido para admitir ou não pedidos de filiação”. O dirigente centrista considera que impedir a entrada de Monteiro seria “ilegal” e “um erro político que só poderia estar assente ou em mágoas do passado ou em medo em relação ao futuro, dois maus conselheiros em política”.

Abel Matos Santos, líder da Tendência Esperança e Movimento (TEM), também considerou a decisão da direção “ilegal e contrária aos mais elementares princípios morais e éticos”.

Matos Santos afirma que esta atitude é “altamente censurável e revela bem o nível rasteiro a que levaram o CDS”. Já o ex-líder do partido, Ribeiro, e Castro, critica “a prepotência e discriminação com que está a ser tratada a refiliação” de Manuel Monteiro.

O antigo presidente do CDS classifica a decisão da direção como uma “violação grosseira dos estatutos e do regulamento de admissões”.