A Ordem dos Médicos vai criar uma competência específica para os médicos poderem fazer ecografias obstétricas. A decisão foi tomada esta tarde numa reunião em que estiveram presentes as direções do Colégio da Especialidade de Radiologia e do Colégio da Especialidade de Ginecologia/Obstetrícia, convocada na sequência do caso do bebé Rodrigo.
Na semana passada, o presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal , Luís Graça, tinha alertado para o facto de haver obstetras a fazer ecografias morfológicas sem competência para tal. Na reunião, revelou a Ordem em comunicado, "os colégios transmitiram ao bastonário que confiam na qualidade da formação existente em Portugal na área materno-fetal e salientaram que as normas de orientação clínica e aptidões existentes asseguram a qualidade destes atos médicos". Ainda assim, "perante as informações vindas a público, e para que não subsistam dúvidas, tomou-se a decisão de agregar a documentação que temos sobre esta matéria, no sentido de criar uma competência específica nesta área."
Atualmente a aptidão para a realização deste tipo de exames já é reconhecida pela Ordem mas não existe uma competência específica. Os obstetras apresentam uma candidatura ao colégio da especialidade, que reconhece ou não a aptidão. Luís Graça explicou ao SOL que são tidos em conta fatores como a experiência e a dedicação a esta atividade, sendo exigidos mais de cinco anos de treino e e que os médicos dediquem 50% da atividade à realização de ecografias. O médico defendeu um reforço da regulamentação para que apenas médicos com a competência reconhecida pela Ordem possam fazer os exames mais diferenciados, nomeadamente a ecografia morfológica, feita entre as 20 e 22 semanas de gravidez, que permite fazer o estudo morfológico fetal e o diagnóstico de eventuais anomalias estruturais fetais.