O PSD entrou na semana de todas as decisões, mas o líder laranja prefere gerir a sua ponderação por mais alguns dias. Rui Rio prepara-se para avançar na corrida interna, mas não será hoje que anunciará publicamente a decisão, na comissão política do partido. A ideia entre os dirigentes do PSD é a de que o presidente social-democrata vai escolher um momento, (em princípio, até ao final da semana) para dizer ao que vem.
Entretanto, o antigo presidente do Conselho Económico e Social (CES), Silva Peneda, explicou ao i que conselhos já deu a Rui Rio: “Deve avançar e já lho disse. É preferível [concorrer], mesmo perdendo mas vai a combate, do que desistir e atirar a toalha ao chão. Até para honrar o seu próprio passado”.
Silva Peneda integra o conselho estratégico nacional do PSD, ajudou a elaborar as propostas para a segurança social no programa eleitoral do partido e justifica o seu apoio a Rio, atacando o adversário assumido, Luís Montenegro. “Ninguém faria melhor do que ele [Rui Rio ] na fase que passou. As alternativas – pelo menos uma, a de [Luís] Montenegro – que estão no terreno não me oferecem qualquer tipo de garantias”, começou por explicar o antigo presidente do CES. Para Silva Peneda, “quem diz que nunca fará acordos com o PS é (…) alguém que não conhece o país, os problemas do país. Porque todas as grandes questões que é preciso resolver – estou a falar da justiça, segurança social, reforma do sistema político – só podem ser resolvidas através de um entendimento entre os dois partidos”, avaliou o social-democrata. Feito o diagnóstico, Silva Peneda joga ao ataque contra o antigo líder parlamentar, contestando a sua visão sobre a recusa de acordos com o PS: “Portanto, quem que faz uma afirmação dessas contenta, se calhar, a pequena politiquice, aqueles que são os tifosi, mas está longe de poder interpretar o que são os problemas do país e do Estado”.
Ora, Rui Rio ouviu várias pessoas para formatar a sua decisão e os seus vices apontaram argumentos para a sua recandidatura na última semana.
Quem está pronto a entrar na corrida interna do partido é Miguel Pinto Luz. O vice-presidente da Câmara de Cascais está, contudo, dependente da declaração pública de Rio. O objetivo é fazer diferente de Luís Montenegro, que avançou três dias depois das eleições legislativas. Ou seja, Pinto Luz aguarda que Rio se pronuncie primeiro para explicar, depois, o seu projeto para o PSD e para o país. Sem pressas. Haverá eleições diretas em 2020, algures em janeiro, e congresso até ao final de fevereiro, se forem cumpridos todos os prazos nos estatutos dos sociais-democratas.
Ontem, uma das maiores distritais do país, a do Porto, falou dos resultados das eleições, em que o PSD obteve 27,9% dos votos, ficando com um dos piores resultados do partido, mas acima das expetativas criadas pelos números das primeiras sondagens antes da campanha eleitoral.
No Porto, o PSD alcançou mais um mandato face aos números de 2015, mas Alberto Machado, líder do PSD/Porto, considerou o score eleitoral nacional como agridoce. Contudo, reconheceu que o “fator Rio” ajuda a explicar os números no Porto. De realçar que a formação das listas no Porto deixou um lastro de contestação ao líder, quase uma espécie de sentimento anti-Rio. Agora, o discurso não será exatamente o mesmo. No Porto poderá haver uma forte divisão de apoios entre candidaturas.
Nas próximas semanas, também ficará clara a entrada de Miguel Morgado, deputado cessante, na corrida interna, e se Jorge Moreira da Silva, ex-ministro do Ambiente, tem condições para avançar. Há quem garanta ao i que não.