Gago fico eu!


Cansa esta palhaçada porque nem André Ventura nem o Chega são de extrema-direita, fascistas, facínoras, etc. Pode-se nem sempre gostar do estilo, mas Ventura põe o dedo na ferida, sendo por isso que incomoda e é atacado.


Findas as eleições, não vou perder-me naquelas costumeiras análises eleitorais, querendo apenas transmitir o meu desprezo intelectual e cívico por quem não vota. Enoja-me esta sociedade que enche a boca de direitos mas se esquece dos deveres. A esses, que agora comam e se calem. Assim, vou antes focar-me na tese de que a extrema-direita chegou ao Parlamento, porque considero que só por rusticidade se pode catalogar André Ventura como sendo parte dela. Primeiro porque, para sê-lo, era preciso haver direita, e já não havia. Depois, porque havendo, aos que a deviam ser interessa diminuir quem lhes ameace legitimamente o lugar e, aos de esquerda, assustar as pessoas com fantasmas para que esta não rejuvenesça. Cansa esta palhaçada porque nem André Ventura nem o Chega são de extrema-direita, fascistas, facínoras, etc. Pode-se nem sempre gostar do estilo, mas Ventura põe o dedo na ferida, sendo por isso que incomoda e é atacado. No entanto, quanto mais atacado, mais rijo, sendo a sua eleição prova disso. Mas como tanto apregoam que o extremismo chegou ao Parlamento, vamos lá ao tema. Primeiro, ele já lá estava, sendo exercido pelo Bloco de Esquerda e pelo PAN. O que agora se pode dizer é que entrou mais um, também de esquerda, personificado por Joacine Moreira. Ora, começo já pelo que qualquer pessoa pensa mas não ousa dizer, temendo que, ao fazê-lo, seja apelidado de racista ou xenófobo. Como para isso me estou nas tintas, dado não ser nenhuma das coisas, não fujo do assunto. Alguém acha possível um cirurgião operar se tiver tremuras nas mãos? Eu não acho. É viável um invisual conduzir? Não é. Ora, assentando a política parlamentar no dom da oratória, não compreendo como pode Joacine Moreira estar nela quando não domina esta faculdade – exceto nalguns vídeos do YouTube, em que a mulher não gagueja. Não estou com isto a insinuar nada, mas tenho o direito de achar, no mínimo, estranho. Já o que desconfio sempre é de quem, ao sair num dia do anonimato, se ache logo no outro a última bolacha do pacote. Vejam que até disse que gagueja quando fala mas, ao contrário de outros deputados, não gagueja quando pensa. A mim parece-me que não gagueja quando pensa porque não chega a pensar sequer. Se pensasse, não propunha o que propõe sobre a nacionalidade. Se pensasse, sendo eleita deputada de Portugal, não se fotografava na noite da sua eleição ostentando uma bandeira que não a portuguesa. Para mim, fazê-lo deveria ser motivo bastante para perda imediata de mandato. E se quer brincar às bandeirinhas, vá para controladora de tráfego aéreo. A isto soma-se um discurso em tudo miserável. Desde vociferar que será uma voz incómoda, que é feminista radical ou, tal como alguns vídeos do YouTube testemunham (daqueles em que não gagueja), afirmar que ser mulher negra em Portugal é estar sujeita quotidiana e sistematicamente a discriminações seculares e estruturais, ou vir falar de colonialismo passados 40 anos, é demasiado boçal e odioso. Um dia destes, gago fico eu com tanta ignorância.

 

Escreve à sexta-feira


Gago fico eu!


Cansa esta palhaçada porque nem André Ventura nem o Chega são de extrema-direita, fascistas, facínoras, etc. Pode-se nem sempre gostar do estilo, mas Ventura põe o dedo na ferida, sendo por isso que incomoda e é atacado.


Findas as eleições, não vou perder-me naquelas costumeiras análises eleitorais, querendo apenas transmitir o meu desprezo intelectual e cívico por quem não vota. Enoja-me esta sociedade que enche a boca de direitos mas se esquece dos deveres. A esses, que agora comam e se calem. Assim, vou antes focar-me na tese de que a extrema-direita chegou ao Parlamento, porque considero que só por rusticidade se pode catalogar André Ventura como sendo parte dela. Primeiro porque, para sê-lo, era preciso haver direita, e já não havia. Depois, porque havendo, aos que a deviam ser interessa diminuir quem lhes ameace legitimamente o lugar e, aos de esquerda, assustar as pessoas com fantasmas para que esta não rejuvenesça. Cansa esta palhaçada porque nem André Ventura nem o Chega são de extrema-direita, fascistas, facínoras, etc. Pode-se nem sempre gostar do estilo, mas Ventura põe o dedo na ferida, sendo por isso que incomoda e é atacado. No entanto, quanto mais atacado, mais rijo, sendo a sua eleição prova disso. Mas como tanto apregoam que o extremismo chegou ao Parlamento, vamos lá ao tema. Primeiro, ele já lá estava, sendo exercido pelo Bloco de Esquerda e pelo PAN. O que agora se pode dizer é que entrou mais um, também de esquerda, personificado por Joacine Moreira. Ora, começo já pelo que qualquer pessoa pensa mas não ousa dizer, temendo que, ao fazê-lo, seja apelidado de racista ou xenófobo. Como para isso me estou nas tintas, dado não ser nenhuma das coisas, não fujo do assunto. Alguém acha possível um cirurgião operar se tiver tremuras nas mãos? Eu não acho. É viável um invisual conduzir? Não é. Ora, assentando a política parlamentar no dom da oratória, não compreendo como pode Joacine Moreira estar nela quando não domina esta faculdade – exceto nalguns vídeos do YouTube, em que a mulher não gagueja. Não estou com isto a insinuar nada, mas tenho o direito de achar, no mínimo, estranho. Já o que desconfio sempre é de quem, ao sair num dia do anonimato, se ache logo no outro a última bolacha do pacote. Vejam que até disse que gagueja quando fala mas, ao contrário de outros deputados, não gagueja quando pensa. A mim parece-me que não gagueja quando pensa porque não chega a pensar sequer. Se pensasse, não propunha o que propõe sobre a nacionalidade. Se pensasse, sendo eleita deputada de Portugal, não se fotografava na noite da sua eleição ostentando uma bandeira que não a portuguesa. Para mim, fazê-lo deveria ser motivo bastante para perda imediata de mandato. E se quer brincar às bandeirinhas, vá para controladora de tráfego aéreo. A isto soma-se um discurso em tudo miserável. Desde vociferar que será uma voz incómoda, que é feminista radical ou, tal como alguns vídeos do YouTube testemunham (daqueles em que não gagueja), afirmar que ser mulher negra em Portugal é estar sujeita quotidiana e sistematicamente a discriminações seculares e estruturais, ou vir falar de colonialismo passados 40 anos, é demasiado boçal e odioso. Um dia destes, gago fico eu com tanta ignorância.

 

Escreve à sexta-feira