Ginger Baker morreu ontem, aos 80 anos, Foi de baquetas em punho que ganhou o estatuto de lenda – era considerado um dos bateristas mais influentes da história do rock. A notícia do seu desaparecimento foi avançada nas redes sociais e posteriormente confirmada por uma das filhas à Associated Press. Há cerca de uma semana, a família tinha usado os mesmos meios para revelar que o músico se encontrava em estado “crítico”. As causas da morte de Baker, que sofria de uma doença pulmonar crónica, não foram ainda reveladas.
Arrojado, inovador e, como próprio assumia, “temperamental”, ficou conhecido por fundir as batidas do jazz com a força do rock n’ roll nos anos 60. Desde então, Ginger Baker influenciou dezenas de bateristas como Neil Peart, Stewart Copeland, Dave Lombardo ou Nick Mason.
Foi como um dos cofundadores dos Cream, a banda que reuniu o guitarrista Eric Clapton e o baixista Jack Bruce, que ganhou o estatuto de estrela. Considerado um dos primeiros “supergrupos” do rock, o trio formado em 1966 durou dois anos e vendeu mais de 35 milhões de cópias dos seus quatro álbuns. Conhecidos por fundir o rock psicadélico com a sonoridade dos blues em temas como Sunshine of Your Love ou Strange Brew, os Cream receberam ainda o primeiro disco de platina do mundo com Wheels of Fire.
Ao vivo, os Cream eletrizavam multidões e abriam espaço para longas improvisações. “Cream chegou e saiu quase num piscar de olhos, mas deixou uma marca indelével no rock”, sintetizava Colin Larkin na Encyclopaedia of Popular Music. Separaram-me em 1968, depois de muitas discussões, com um concerto no Royal Albert Hall, em Londres.
Ginger Baker também tocou em grupos como Public Image Ltd, Blind Faith, Hawkwind e Fela Kuti, com quem tocou numa altura em que, saído da cena londrina e para se limpar das drogas, resolveu ir morar na Nigéria. Foi ainda líder de um projeto por si assinado: os Ginger Baker’s Air Force.
A vida numa batida
Nascido Peter Edward Baker em Lewisham, a 19 de agosto de 1939, com uma vasta cabeleira ruiva, recebeu sem estranheza a alcunha de Ginger. Depois de uma infância problemática – terá até sido membro de um gangue local –, quis ser ciclista. Não conseguiu cumprir o desejo, mas o sonho não foi em vão: as pernas tonificadas dos passeios de bicicleta ajudaram-no quando começou a tocar bateria.
Em 2005, os Cream reuniram-se para um derradeiro concerto, em Nova Iorque. Já em 2012, Jay Bulger dedicou-lhe o documentário Beware of Mr. Baker, onde refletiu sobre a agressividade catalisadora do músico – na bateria e na vida.