As conversações entre os líderes do PSD e do CDS para uma coligação de Governo, na Madeira, poderão começar em breve, mas “dificilmente” o acordo será tornado público antes das legislativas. Porém, o i sabe que estão em curso conversas informais entre os dirigentes dos dois partidos com o objetivo de assegurar uma solução estável para os próximos quatro anos.
Miguel Albuquerque perdeu a maioria absoluta e quer formar coligação com os centristas para conseguir formar Governo. Para já, do lado do CDS, o cenário de uma coligação de direita é tido como o “mais provável”, mas não se afasta, para já, uma geringonça liderada por Paulo Cafôfo, do PS, no caso de “falhar tudo” nas negociações à direita.
A coligação entre PSD e CDS é o cenário desejado por Rui Rio e Assunção Cristas. O presidente do PSD disse que “há todas as condições para que se forme um Governo de maioria através de negociações com o CDS”.
A líder centrista também defendeu que “o centro-direita tem condições” para governar. “Foi clarinho como água: a esquerda saiu derrotada. O modelo que, em 2015, teve início em Portugal não teve acolhimento e saiu derrotado na Madeira”, afirmou Assunção Cristas. Na Madeira, uma coligação à direita também é vista como o cenário mais natural. “Há algumas afinidades programáticas. É uma questão de acertos”, diz ao i Guilherme Silva.
Uma caldeirada Para o ex-deputado do PSD, os dois partidos deviam entender-se o mais rapidamente possível e “o CDS tem de perceber que o PSD não pode prescindir do seu programa” eleitoral. “Uma coisa é ter três deputados e outra é ter 21”, diz. O social-democrata não acredita que o CDS possa fazer um entendimento com Cafôfo . “Seria uma caldeirada que não se afigura muito cozinhável”.
O líder do CDS/Madeira mostrou-se disponível para uma coligação com Albuquerque, mas já avisou que os centristas não estão dispostos a abdicar do seu programa eleitoral. A ideia é explorar ao máximo o facto de os sociais-democratas estarem dependentes do CDS para governar. “Não há governo de maioria absoluta sem o CDS”, avisou, na noite eleitoral, Rui Pereira.
Geringonça O PS conseguiu o melhor resultado de sempre, mas falhou o objetivo de vencer, pela primeira vez, as eleições na Madeira. Paulo Cafôfo abriu a porta, na noite eleitoral, a uma geringonça e mostrou-se disponível para “liderar uma base de entendimento” com os partidos da esquerda. Ao contrário do que acontece no continente, os socialistas precisariam do apoio da direita para governar. Isto porque, PS, Juntos pelo Povo e CDS somam 23 deputados e seria necessários 24.
RIR à frente do Aliança Entre os pequenos partidos, o resultado surpresa destas eleições foi a votação conseguida pelo partido criado por Vitorino Silva (conhecido como Tino de Rans). O RIR (Reagir, Incluir e Reciclar) conseguiu ficar à frente do Aliança, do Iniciativa Liberal (IL) e do Chega.
O RIR conseguiu 1,21%, o que corresponde a cerca de 1700 votos. “0 resultado foi muito animador. Ficámos à frente de muitos partidos, alguns mais antigos. O RIR tem apenas alguns meses”, disse Roberto Vieira, cabeça-de-lista.
Já o Aliança conseguiu apenas 766 votos com 0,53% dos votos. O IL também conseguiu 0,53% com 762 votos. O Chega de André Ventura teve 0,43% com pouco mais de 600 votos. À frente do RIR, mas sem eleger, ficaram o Bloco de Esquerda, que perdeu dois deputados com 1,74%, , o PAN com 1,46% e o Partido Unido dos Reformados e Pensionistas (PURP) com 1,23% dos votos.
Alberto João insatisfeito co PSD/Madeira
Alberto João Jardim admitiu que o PSD, liderado por Miguel Albuquerque, cometeu erros que lhe custaram a maioria absoluta. “Não estou satisfeito. Ainda tentei deitar a mão. O PSD paga, neste momento, o preço dos dois primeiros anos desastrosos de governo que fez aqui na Madeira”, afirmou Alberto João Jardim, em declarações à RTP. O histórico do PSD defendeu mesmo que o partido precisa de ir para “um estaleiro” e “fazer uns consertos”. Para João Jardim, que liderou o PSD/Madeira durante mais de três décadas, “são necessárias imensas e importantes mudanças internas”.