U2. 40 anos depois do primeiro EP estão bem vivos para contar a história

U2. 40 anos depois do primeiro EP estão bem vivos para contar a história


Com uma versão limitada de mil cópias, o EP que contava com três canções Out of Control, Stories for Boys e Boy/Girl rapidamente esgotou nas lojas. Estávamos em setembro de 1979 mas, 40 anos depois, continuam a mobilizar multidões.


Vinte e dois de setembro de 1979. Os U2 lançam o EP Three, três anos depois de se terem formado, dando assim os primeiros passos daquela que é considerada uma das maiores bandas de sempre. E mesmo para os menos fãs há uma verdade incontornável: ninguém fica indiferente à banda num concerto ao vivo. O primeiro EP contava com três canções: Out of Control, Stories for Boys e Boy/Girl, numa edição limitada de mil cópias. Cada disco foi numerado à mão por Jackie Hayden, responsável pelo marketing da editora CBS Records na Irlanda. O sucesso foi tão grande que as cópias rapidamente desapareceram das lojas. O EP já foi alvo de várias reedições e acabou por chegar a CD em 2008. Só em 1980 é que os U2 assinaram um contrato de longo prazo com a Island Records.

Desde essa altura vão somando sucessos e só recentemente foram destronados por Ed Sheeran na liderança da digressão mais rentável de todos os tempos. Ainda assim, encaixaram 660 milhões de euros na tournée de 2011.

Longe vão os tempos em que os quatro elementos da banda – Bono, Adam Clayton, The Edge e Larry Mullen Jr. – se conheceram na escola. A banda, inicialmente com o nome de Feedback e destinada a fazer versões, foi formada depois de o baterista ter publicado um anúncio para formar um grupo. Recebeu seis respostas. De Paul Hewson (Bono), Clayton, Dave Evans (The Edge), o irmão mais velho, Dik Evans, e de dois amigos: Ivan McCormick e Peter Martin. O álbum de estreia da banda, Boy, foi lançado em 1980 e incluiu o primeiro single de sucesso da banda nos Estados Unidos, I Will Follow. A partir daí, nunca mais pararam. O terceiro álbum, War (1983), contribuiu para alcançar a posição de número 1 no Reino Unido e abriu portas a uma série de concertos que continuam até aos dias de hoje.

Visão humanitária que não agrada a todos Rapidamente, Bono tornou-se uma das vozes mais mediáticas na defesa de causas humanitárias. Cofundador de várias organizações que têm como intuito chamar a atenção para os países subdesenvolvidos, Bono já foi nomeado para o Prémio Nobel da Paz. Uma das suas fundações mais conhecidas é a organização One, que já ajudou a salvar 21 milhões de pessoas.

Uma atitude que não só não agrada a todos como também criou alguma fricção dentro da própria banda. O vocalista chegou a admitir ao programa Today da BBC Radio que houve alturas em que pensou que o seu empenho na causa humanitária poderia forçar a sua saída do grupo. “Eles estão numa banda de rock’n’roll e a primeira obrigação de uma banda de rock’n’roll é não ser aborrecida”, e, por isso, “temos de ser muito cuidadosos em relação a quão longe posso ir”, referiu.

Mas a verdade é que muitas das suas músicas são interventivas. É o caso de Sunday Bloody Sunday – a mais política delas todos, sobre o conflito armado na Irlanda do Norte –, assim como dos álbuns War (1983), Zooropa (1993), Pop (1997) ou, mais recentemente, How to Dismantle an Atomic Bomb.

Presença em Portugal A primeira vez que a banda atuou em Portugal estávamos em 1982 e foi na segunda edição do festival Vilar de Mouros, apesar de ainda serem pouco conhecidos em território luso. O regresso aconteceu em 1983, no antigo Estádio de Alvalade, apostando todas as suas energias na inovadora Zoo TV Tour.

A 11 de setembro de 1997, a Pop Mart Tour trouxe novamente os U2 a Lisboa, ao Estádio de Alvalade, para um concerto que o jornal Blitz descreveu como “um dos maiores espetáculos de sempre ao cimo da terra”. E repetem a experiência no mesmo espaço, em 2004, aproveitando a ocasião para gravar um videoclipe no Barreiro.

No ano seguinte voltam ao nosso país mas, desta vez, no novo Estádio de Alvalade. Nessa altura foram condecorados por Jorge Sampaio com a Ordem da Liberdade, pelo seu ativismo humanitário.

Os U2 só regressam a Portugal em 2010 mas, em vez de Lisboa, o local escolhido foi Coimbra. Demoram oito anos para voltarem ao nosso país, mas num registo totalmente diferente: um espaço mais pequeno, intimista e longe dos grandes palcos.

Museu para breve Depois de o museu ter sido travado pela Câmara de Dublin, o projeto vai finalmente avançar. Inicialmente, a banda irlandesa anunciou que pretendia demolir o estúdio de gravação de dois andares em Hanover Quay, no cais sul das Docklands, na cidade irlandesa, e substituí-lo por um centro de visitantes e exposições. O centro, de quatro andares, teria uma mega-área expositora e informativa dedicada à história do grupo. Teria também uma reconstrução do seu estúdio original e ainda um café e uma loja. Mas a ideia foi rapidamente travada pelos moradores, que se mostraram desde logo preocupados com a altura e arquitetura do edifício – uma preocupação que recebeu a concordância da autarquia.

A banda viu-se obrigada a redesenhar o projeto que, entretanto, recebeu luz verde. O relatório aprovado indica que o museu “irá melhorar uma das zonas mais proeminentes da cidade”, com um design que “fará uma contribuição positiva naquele local e no tecido urbano de Dublin”. E as expetativas em termos de visitantes são animadoras: cerca de 400 mil turistas por ano.

Os U2 terão, no entanto, de pagar mais de 225 mil euros para ajudar a construir infraestruturas públicas e para auxiliar na criação de mais uma estação de metro no local.

Quarenta anos depois, continuam a dar cartas e nós cá estaremos para ouvir e ver.