“Um programa de Governo não pode ser uma lista de prendas de Natal”
António Costa
Faltam duas semanas para o fim da campanha eleitoral e basta ler os programas dos diferentes partidos para ficarmos com um cheirinho a Natal, contrariando a afirmação do primeiro-ministro e líder do PS.
Começando pelos impostos, a crónica dor de cabeça dos portugueses, há promessas de redução dos principais: IVA, IMI, IRC e IRS.
O Pai Natal do CDS traz a maior prenda: a descida de 15% da taxa de todos os escalões do IRS. O PSD quer pôr no nosso sapatinho um desagravamento de 1,2 mil milhões de euros, através da redução das taxas dos escalões intermédios. O PCP, qual Robin dos Bosques, aumenta as taxas dos escalões mais altos para 65% e 75% e reduz nos escalões mais baixos.
Mas é, sem dúvida, a Iniciativa Liberal que bate todos os presentes neste capítulo: taxa única de 15% para todos os rendimentos!
Quanto ao salário mínimo, o PCP propõe um salto para os 850 euros até 2023, enquanto o Bloco quer 650 euros já em janeiro do próximo ano.
E prendas para os mais pequenos? Claro que sim, ou não fosse Natal.
Fim do pagamento de propinas, prometem o PCP e o Bloco, que acrescentam ainda mais emprego na função pública e apoios no acesso à habitação. Os socialistas trazem bolsas de arrendamento jovem, enquanto o PSD quer reduzir o número de jovens que nem estudam nem trabalham.
Avancemos agora para os casais que querem ter filhos. Sem problemas, garantem os partidos-Pai Natal. Creches gratuitas ou complemento-creche e aumentos das deduções fiscais em IRS, entre outros presentes. E toca a fazer bebés, que o país bem precisa.
Entretanto, para ajudar à festa, o Bloco propõe a legalização da canábis para fins recreativos, o que não agrada, por exemplo, ao PSD.
Quanto a touradas, por exemplo, a proposta do PAN de fazê-las sem animais, tão bem caricaturada por Ricardo Araújo Pereira, também não agrada ao PCP, que defende a “cultura popular”.
Mas, como não podia deixar de ser, também há novidades para a ceia.
Quanto a carne de vaca, nada. António Costa admitiu mesmo substituí-la por peixe nos banquetes oficiais.
É caso para dizer: estamos feitos ao bife!
Jornalista