Eleições. Debates, combate para indecisos e campanhas mais aliviadas

Eleições. Debates, combate para indecisos e campanhas mais aliviadas


Duelos televisivos ocupam boa parte da agenda dos candidatos. A ordem é mobilizar eleitorado. Volta do PS adaptada porque Costa é primeiro-ministro.


Luz, câmara, ação. A política vive há décadas dos debates televisivos para alimentar uma campanha eleitoral, mesmo que isso não se traduza na vitória ou na derrota de um dos protagonistas. Porém, pode ser o suficiente para fidelizar o próprio eleitorado, mobilizá-lo ou assegurar a preferência de algum indeciso.

Talvez por isso os candidatos adaptem as suas agendas para terem espaço e tempo para preparar os debates, rever as últimas notas e ouvir algumas pessoas para os duelos televisivos.

Na campanha para as eleições legislativas de 2019, os debates televisivos entre forças com assento parlamentar só terminam a 23 de setembro, um dia depois do arranque oficial do período de campanha. Assim, não é de estranhar que as campanhas eleitorais a todo o vapor só arranquem no dia 24 para os dois maiores partidos, pois na véspera há um debate com todos os candidatos das forças políticas com assento parlamentar, transmitido pela RTP1/RTP3.

O primeiro-ministro, por ter essa condição, terá uma volta oficial menos pesada, com duas iniciativas diárias, normalmente a partir da tarde e com comícios, mas sem grande margem para realizar jantares-comício. Para já, só está previsto um almoço-comício no distrito do Porto, a meio da campanha, segundo avançou a Lusa. A caravana socialista arranca, no período oficial de campanha, a 24 e haverá um comício no Pavilhão Carlos Lopes nesse dia. O último dia de campanha será dividido entre Lisboa, com a descida do Chiado, e um comício no Porto. Para o efeito, o secretário-geral do PS irá de comboio, transporte usado noutras iniciativas do PS.

Já o PSD também só terá Rui Rio na estrada a partir de dia 24, embora tanto Costa como o adversário social-democrata tenham iniciativas de pré-campanha há semanas. Haverá uma aposta focada em iniciativas de perguntas e respostas e a ordem interna foi para travar jantares-comício. Comícios também serão poucos, sendo certo que Rio deve terminar a campanha fora de casa (o Porto), optando pela capital.

Rui Rio tem reduzido as iniciativas de pré-campanha ao máximo em tempo de debates eleitorais e esteve pelo menos três dias sem agenda oficial. Contudo, do lado da São Caetano à Lapa garante-se que o líder “laranja” teve agenda além dos debates.

Ontem houve duelo entre o primeiro-ministro, António Costa, e o líder do PSD e, depois do embate com Costa, Rio estará hoje no Cadaval e em Torres Vedras. Nas hostes sociais-democratas, as fichas estão colocadas na prestação do seu líder nos debates, mesmo que as sondagens digam que o PS está à beira da maioria absoluta. Essa prestação pode ser a última hipótese para mobilizar eleitorado do PSD. A ordem é tentar captar o maior número de indecisos e ir buscar votos à abstenção.

A líder do CDS, Assunção Cristas, divide-se por seu turno entre os debates televisivos e vários quilómetros de estrada, porque já está a percorrer o país há semanas. Por isso, Cristas não terá mais do que duas a três iniciativas diárias entre 22 de setembro e 4 de outubro. No dia 23 terá uma ação de campanha antes do debate a seis. E concentra a campanha no norte e centro do país.

A CDU, liderada por Jerónimo de Sousa, manterá almoços e jantares-comício, mas é altamente improvável que realize mais que quatro iniciativas por dia. Por sua vez, o Bloco, liderado por Catarina Martins, também está a realizar ações de pré-campanha diárias um pouco por todo o país, enquanto o PAN arranca para a estrada na Madeira, mas só terá um jantar em Setúbal. O partido de André Silva aposta mais no contacto com a população.

Longe vão os tempos em que os partidos tinham seis ou mais pontos de agenda diários numa campanha. Da esquerda à direita, há uma nota dominante: as campanhas já não são o que eram e o roteiro da carne assada parece ter os dias contados.