MAC. Falha nas escalas de anestesiologia resolvida à última hora

MAC. Falha nas escalas de anestesiologia resolvida à última hora


Diretora do serviço de anestesia assumiu turno e evitou fecho da urgência. Ordem diz que constrangimentos são recorrentes.


Uma falha nas escalas de anestesiologista da Maternidade Alfredo da Costa levou este fim de semana os responsáveis a acionar o plano de contingência definido no início do verão e pedir ao CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) que direcionasse grávidas em trabalho de parto para outros hospitais. O Expresso avançou ontem de manhã que a urgência estaria fechada este domingo. O Centro Hospitalar Lisboa Central, onde está integrada a Maternidade Alfredo da Costa, indicou ao i que esse cenário esteve em cima da mesa mas garante que as urgências externas acabaram por permanecer abertas, disse fonte oficial. A falta de anestesiologistas para preencher as escalas foi resolvida ao início do turno pela diretora do serviço de anestesia, Teresa Rocha. A mesma fonte diz que não se preveem mais constrangimentos relacionados as escalas, podendo surgir situações imprevistas em caso de ausência ao trabalho. “Nesses casos é ativado o plano de contingência”.

A Ordem dos Médicos mantém a preocupação. Alexandre Valentim Lourenço, presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, disse ao i que este “é um problema que se está a colocar quase todas as semanas” nos vários hospitais da zona de Lisboa e zona Sul. O responsável sublinha que nos últimos três meses se viveu “uma situação de colapso”, com “constrangimentos recorrentes”. O presidente reforça ainda que o “caso deste domingo não é uma exceção” e que “nada tem sido feito para solucionar estas falhas e que quem se continua a sacrificar são os profissionais de saúde”.

A falta de médicos para garantir as escalas nas urgências durante o verão levou à elaboração de um plano de contingência em que as maternidades de Lisboa passaram a articular-se para colmatar falhas nos turnos. Chegou a estar previsto o fecho rotativo das urgências, o que motivou duras críticas dos médicos à falta de planeamento e ao aumento do risco e incerteza para as grávidas. O cenário não se concretizou e foi antes estabelecido um plano conjunto entre os hospitais para avaliação e garantia das escalas, mas até sábado não tinha sido encontrada solução para o turno deste domingo na MAC.

O caso acabou por marcar dia em que o SNS assinalou o 40º aniversário. Em entrevista à Lusa, a ministra da Saúde defendeu melhores compensações para os profissionais que trabalham nas urgências, considerando preocupante a dependência de prestadores de serviço. “Precisamos de rever os nossos modelos remuneratórios”, disse Marta Temido. Declarações que os sindicatos consideraram eleitoralista, por nada ter sido feito esta legislatura para alterar o cenário. Ao final do dia, à margem de uma cerimónia em Coimbra, a ministra assumiu constrangimentos nas escalas de alguns hospitais, mas garantiu que a MAC retomara o “normal funcionamento”. Numa mensagem divulgada a propósito dos 40 anos, o Presidente da República sublinhou que o SNS foi uma “das inegáveis conquistas do 25 de Abril”, que neste momento justifica celebração “mas, não menos do que isso, constante aposta em objetivos, orgânicas e meios de atuação.”

Com Mafalda Tello Silva