O presidente do PSD ainda não tem a volta de campanha eleitoral fechada, mas já há uma certeza: os sociais-democratas estão a preparar quatro grandes concentrações, ou comícios, para demonstrar que o partido não está desmobilizado. Assim, devem realizar-se quatro grandes iniciativas com militantes, duas por cada semana do período oficial de campanha (22 de setembro a 4 de outubro) para as eleições legislativas de 6 de outubro, com a estratégia traçada para os eleitores indecisos e a abstenção.
De acordo com as informações recolhidas pelo i, dois dos comícios deverão realizar-se no distrito de Braga (Quinta da Malafaia) e Lisboa, no encerramento da campanha eleitoral no próximo dia 4. A ordem é não fazer jantares-comício, mas a avaliar pela experiência das Europeias, será difícil evitar que não se faça pelo menos um jantar-comício na Quinta da Malafaia.
Além disso, Rui Rio irá optar por fazer sessões com perguntas em várias iniciativas e a próxima realiza-se já no dia 10 de setembro, em Fátima, num encontro organizado pelos Autarcas Sociais-Democratas. Rio predispõe-se, assim, a responder a questões de militantes ou, até de simpatizantes, que se inscrevam nestas iniciativas. A ideia, apurou o i, é a de realizar duas as três ações do género em plena campanha oficial.
O discurso político também parece já alinhado e ontem, Rui Rio esclareceu, numa entrevista à Lusa, que o seu eleitorado é do centro, que o “PSD não é um partido de direita” e que a disputa eleitoral será feita mais com o PS do que com o CDS. Dito de outra forma, Rio quer apostar na captação de votos dos indecisos que não saíram de casa nas eleições europeias para votar PSD e tentar convencer quem se abstém. A convicção entre os sociais-democratas é a de que os abstencionistas tanto podem ser eleitores que votam no PS ou no PSD.
O presidente social-democrata também quis deixar claro o seu posicionamento político e o do partido que lidera: “Historicamente, neste ponto ou noutro, o PSD disputou eleitorado com o CDS, comigo o PSD não disputa eleitorado nenhum com o CDS. O CDS é um partido de direita – e bem, tem de haver partidos democráticos de direita -, o PSD não é um partido de direita genuinamente desde a sua fundação”, afirmou Rio, citado pela Lusa na mesma entrevista.
Apesar do discurso de distanciamento ideológico do CDS, e de disputa ao centro do eleitorado com o PS, Rui Rio admitiu uma coligação pós-eleitoral com os centristas. Cada partido vai em listas próprias – é a versão “saudável” para Rio – mas, “o lógico é que, sendo necessário para formar uma maioria, haja uma coligação”. E até acrescentou que um acordo pós-eleitoral com a líder do CDS, Assunção Cristas, “pode ligar bem”. Isto na véspera do seu primeiro duelo com a presidente democrata-cristã, na SIC.
Depois da entrevista na TVI, Rui Rio ganhou um novo elã interno e já há relatos de militantes de base a enviar e-mails para as distritais a perguntar como podem participar na campanha. A entrevista, em que Rio assumiu que não iria dar a mão ao primeiro-ministro António Costa para governar serviu de ‘click interno’. Talvez, por isso, entre os seus apoiantes já se façam contas a uma maior mobilização e no fim apareçam vários notáveis do partido. Os convites, a serem feitos, estão nas mãos de Rui Rio, apurou o i.
Moreira da Silva em campanha por Lisboa Entretanto, vários destacados militantes têm participado na pré-campanha com alguns cabeças-de-lista. Por exemplo, José Eduardo Martins, ex-candidato autárquico que se arrependeu de ter votado em Rui Rio, esteve esta semana ao lado da cabeça-de-lista por Leiria do PSD, Margarida Balseiro Lopes. Num depoimento na rede social Facebook, o ex-candidato autárquico surgiu ao lado da também líder da JSD numa visita às Berlengas para falar do ambiente e da biodiversidade.
No distrito de Lisboa é expectável também que o antigo ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, se junte à campanha da equipa liderada por Filipa Roseta. Jorge Moreira da Silva, recorde-se, informou Rui Rio da sua intenção em participar e colaborar com o partido em período de campanha eleitoral. Assim, segundo apurou o i, o ex-governante, que não esconde a ambição de concorrer à liderança, estará disponível para participar no distrito de Lisboa.
Apresentação de programa eleitoral Hoje, o presidente dos sociais-democratas apresenta oficialmente o programa eleitoral do partido no Porto, conjuntamente com Joaquim Sarmento, o responsável pelo desenho do quadro macroeconómico do partido, e o vice-presidente do PSD, David Justino, o coordenador do Conselho de Estratégia Nacional dos sociais-democratas. Este fim de semana Rui Rio ruma aos Açores.