O Serviço Nacional de Saúde nunca tinha enviado tantos doentes para serem operados no privado. O relatório de acesso ao SNS em 2018 revela um aumento de 25,8% nos doentes operados em hospitais convencionados e um aumento de 15,5% dos doentes operados em unidades do setor privado e social com protocolo com o SNS, num total de 65 230 cirurgias. Representam 11% das operações feitas no âmbito do SNS, num ano em que a atividade cirúrgica financiada pelo Estado acabou por bater recordes mas os hospitais públicos registaram uma redução desta linha de atividade. Fizeram 529 758 operações, menos 4787 do que no ano anterior.
Se a greve nos blocos operatórios poderá ajudar a explicar a redução de cirurgias nos hospitais públicos, outros dois fatores ajudam a perceber o panorama: o número de inscrições para cirurgia, que tem estado a aumentar todos os anos, tornou a subir 1%, com um recorde de 706 103 novos pedidos. Por outro lado, em 2018 diminuiu o tempo máximo de resposta legal, de 270 para 180 dias. Quando é esgotado 75% deste período, os utentes recebem um vale para serem operados no privado, além de haver instruções para transferências entre hospitais públicos. Os dados do Ministério revelam que em 2018 houve um recorde de 250 924 notas de transferência e vales emitidos, praticamente o dobro face ao ano anterior. Ainda assim, 70,1% dos utentes recusaram mudar de hospital e ficaram à espera. No que diz respeito à relação com o setor convencionado noutras áreas, o relatório regista um aumento de 5,3% da despesa com análises, exames e tratamentos feitos fora do SNS, atingindo 474 milhões de euros em 2018.
Tempos de espera Segundo o mesmo documento, no caso das cirurgias, 30% dos utentes em lista de espera excederam os tempos máximos, uma melhoria face a 2017 mas que fica aquém dos resultados de anos anteriores. No caso das consultas externas nos hospitais, houve um aumento de 0,9%, para 12 186 702 consultas. O Ministério destacou o facto de pela primeira vez terem sido feitas mais de 500 mil consultas oncológicas, um aumento de 29,1% face a 2010.
Cerca de 71% das consultas cumpriram os tempos de resposta, que em caso de prioridade normal é de 150 dias seguidos. Apesar de serem a maioria, os dados do Ministério revelam que o incumprimento é maior nas consultas mais prioritárias. As consultas de neurocirurgia e dermato-venerologia são as de mais difícil acesso, com mais de metade das consultas a acontecerem para lá dos tempos máximos de espera. Seguem-se oftalmologia e genética médica.