Estudo: Partículas emitidas pelos aviões afetam qualidade do ar perto do aeroporto de Lisboa

Estudo: Partículas emitidas pelos aviões afetam qualidade do ar perto do aeroporto de Lisboa


As partículas ultrafinas são 700 vezes menores do que um fio de cabelo


Partículas ultrafinas emitidas pelos aviões estão a afetar de forma significativa a qualidade do ar na zona do aeroporto de Lisboa. Segundo um estudo, divulgado esta terça-feira, trata-se de um risco para a saúde pública.

A pesquisa foi coordenada pela investigadora Margarida Lopes, que adiantou, em declarações à agência Lusa, que o estudo foi baseado em amostragens recolhidas entre julho de 2017 e maio de 2018.

Este é o primeiro estudo feito sobre partículas ultrafinas em Portugal, e alerta segundo para o facto de estas serem mais tóxicas do que outras partículas a que os seres humanos são sujeitos.

"São bastantes prejudiciais para os pulmões, mas não só, porque passam para a corrente sanguínea e daí chegam a qualquer parte do corpo", explicou Margarida Lopes.

As conclusões da pesquisa indicam que as partículas prejudicam as pessoas na área do aeroporto de Lisboa, mas não só, porque o vento dispersa-as, ou seja não são sempre os mesmos recetores Acer afetados.

"Junto do aeroporto é muito mau", sublinhou a investigadora, acrescentando que também há outros dados, de estudos internacionais, que apontam que nas salas de espera dos aeroportos a concentração de partículas ultrafinas é "horrível".

Segundo o estudo, as partículas ultrafinas são 18 a 26 vezes mais elevadas em áreas influenciadas por movimentos aéreos.

A investigadora alerta para o facto de as partículas ultrafinas, 700 vezes menores do que um fio de cabelo, não serem monitorizadas, nem terem um valor limite estabelecido por lei.

Lê-se no estudo que as partículas entram no corpo através das vias respiratórias, mas também pela pele e por ingestão. A pesquisa estabelece ainda uma relação entre este nível de toxicidade e as doenças neurológicas e "problemas no desenvolvimento fetal e cognitivo das crianças".

"O estudo efetuado permite concluir que pessoas que trabalham, vivem ou passam uma quantidade considerável de tempo perto do aeroporto, estão expostas a elevadas concentrações" de partículas ultrafinas "com "uma magnitude que constitui à partida um risco considerável para a sua saúde", conclui a pesquisa.