Miguel Cardoso. A maldição das entradas negativas trouxe mais uma demissão precoce

Miguel Cardoso. A maldição das entradas negativas trouxe mais uma demissão precoce


Depois de Nantes e Celta de Vigo, o técnico português de 47 anos foi afastado do banco do AEK de Atenas logo após o quarto jogo oficial.


Uma vitória, um empate e duas derrotas em quatro jogos oficiais: foi este o pecúlio conseguido por Miguel Cardoso ao comando do AEK de Atenas. Sim, a frase acabou mesmo ali: Miguel Cardoso aguentou realmente apenas quatro jogos oficiais no banco do gigante da capital grega. Após o desaire caseiro na primeira jornada do campeonato, na receção ao Skoda Xanthi (1-2), a direção do AEK decidiu prescindir dos serviços do treinador português, que há menos de três meses havia assinado um contrato válido por duas temporadas com o campeão helénico em 2017/18.

A notícia do despedimento começou a circular pela imprensa grega na noite de domingo, logo após o desaire, com o presidente Dimitris Melissanidis a prescindir também dos serviços do diretor-desportivo, o antigo internacional grego Nikos Liberopoulos – e a anunciar a sua decisão em pleno balneário. Na segunda-feira, o treinador português já não orientou o treino, que esteve a cargo do diretor-técnico da academia, Nikos Kostenoglou, com o clube a emitir um comunicado onde revelava os nomes da “nova equipa técnica”, embora a saída de Miguel Cardoso e seus auxiliares ainda não tenha sido anunciada oficialmente – tudo indica que por falta de acordo entre as duas partes para a rescisão do vínculo.

Espiral negativa Mais do que o despedimento em si, a curiosidade neste caso reside nas semelhanças existentes entre este início de temporada e o da época passada. Em junho de 2018, Miguel Cardoso foi oficializado como sucessor de Claudio Ranieri no banco do Nantes, de França, assinando igualmente por duas temporadas e assumindo o objetivo de colocar os Canaris a lutar por um lugar europeu.

A aventura, aí como agora, viria a durar muito pouco. Após obter somente uma vitória e três empates em oito jogos (curiosamente, também com uma vitória, um empate e duas derrotas nos primeiros quatro), o técnico nascido há 47 anos na Trofa acabaria por ser demitido pelo presidente do Nantes, o temperamental bilionário polaco Waldemar Kita.

Seguiu-se o Celta de Vigo, noutra experiência pouco risonha: apenas três vitórias em 15 jogos e o chicote a estalar novamente, pouco mais de três meses depois de assumir a equipa – e numa altura em que seguia numa sequência de oito derrotas em dez jogos, encontrando-se apenas dois pontos acima da zona de descida, num projeto que passava inicialmente também pela perspetiva de lutar pela Europa.

Formado em Educação Física, Miguel Cardoso passou pelas camadas jovens do FC Porto antes de iniciar uma carreira como adjunto, primeiro com Carlos Carvalhal e depois com Domingos Paciência. No verão de 2013 aceitou o desafio de se tornar coordenador das camadas jovens do Shakhtar Donetsk, liderando ao mesmo tempo a equipa B, e em 2016/17 integrou a equipa técnica de Paulo Fonseca. Um ano depois, foi contratado pelo Rio Ave como técnico principal e a resposta inicial não podia ser mais positiva: o conjunto vila-condense protagonizou a melhor época da sua história, garantindo o apuramento para a Liga Europa. Previam-se grandes feitos para o técnico luso daí em diante; por agora, todavia, talvez seja melhor esperar um pouco mais.