Há Verão na ilha (parte 2)


Na ilha: onde o som das cidades ali em frente não entra nem sequer se faz notar, onde carros não há a circular, onde o barulho dos motores é dos barcos dos vizinhos ou dos heróis pescadores!


O Farol, na verdade, é a par dos Hangares uma parte da mesma ilha fisicamente considerada e que é a ilha da Culatra. Situando-se na ponta ocidental do extenso cordão dunar que se prolonga em sentido contrário até à barra da Armona (outra ilha pérola da Ria Formosa).

Porém, quando falamos da Culatra, estamos a falar de uma outra realidade apesar de ser tal como o Farol e os Hangares uma localidade da mesma ilha que ostenta o mesmo nome, mas que se distingue e não se confunde, por ter uma identidade muito diversa das outras duas localidades vizinhas. Desde logo, por ter uma população fixa que ali reside todo o ano e que ali faz a sua vida tal como acontece em qualquer outra localidade, aldeia ou freguesia, das tantas que temos por este país.

Sendo por isso natural a distinção feita pelos algarvios desta zona do sotavento a cada uma destas três áreas, atribuindo-lhes uma espécie de “autonomia territorial virtual”. Como se de três ilhas separadas entre si se tratassem… 

Regressando ao Verão na ilha que é Farol da Ria Formosa, posso assegurar por experiência própria que, aqui vive-se intensamente em cada dia que passa o tal Agosto de que falava na semana passada.

Os barcos "da carreira" são o meio de transporte público principal que garante a ligação a "terra" – como é referido pelos residentes locais – quer a parir de Faro, concelho ao qual administrativamente pertence a ilha, quer a partir de Olhão, concelho vizinho cuja população residente mantém para com ela, mais do que uma ligação, uma relação sentimental muito forte e antiga. Não sendo por isso de estranhar o facto de existirem mais carreiras diárias e em horário mais alargado na ligação entre Olhão – Culatra – Farol, do que entre Faro – Farol. Quanto à Culatra, igualmente pertencente ao concelho de Faro mas também com uma incomparável ligação afectiva à Cidade da Restauração, quase nem tem ligação por barco a partir de Faro, o que se compreende pela distância geográfica que obriga a uma viagem de sensivelmente uma hora, ao passo que, por via Olhão a viagem até à Culatra dura sensivelmente metade desse tempo.

São pois estes barcos que a maioria das pessoas utilizam para vir à ilha, conhecê-la, visitá-la e desfrutar das suas praias e de todos os seus encantos. No lado da Ria, águas calmas e sem ondas mas límpidas e translúcidas, oferecem segurança a quem tenha crianças, sendo por isso mesmo a escolha de muitas famílias na ilha. No outro lado, ficam as praias da costa – a pequena ou primeira praia e a grande ou segunda praia – onde o imenso mar oceânico se impõe até se perder de vista para lá da linha do horizonte e se "mistura" com o céu.

Chegados à ilha, uma primeira paragem torna-se obrigatória para, dependendo da hora, tomar o que nos apetecer. São vários os cafés e bares que nos dão as boas-vindas logo ali à entrada no lado direito e onde, inevitavelmente, nos despedimos da ilha enquanto aguardamos pelo barco que nos levará de regresso a terra. Mesmo que para voltar no dia seguinte…

De entre eles, há um que destaco, não apenas pela qualidade do serviço, das instalações e bom gosto decorativo, mas também por nos proporcionar o “pôr de sol” mais bonito da ilha e, especialmente, pela personalidade que lhe é dada pelas pessoas que o fazem. Com ou sem a música dos seus míticos sunsets de final de tarde, é caso para se dizer que uma vez estando na ilha facilmente “Cais Aqui”…

Para o repasto de almoço ou jantar é incontornável não se passar “À do João”, onde o peixe assado (grelhado para os visitantes) – todo ele, seja o mais popular ou o mais requintado – é simplesmente feito de forma irrepreensível. Acompanhado, para além do óbvio, por uma tradicional salada montanheira algarvia que nunca desilude. Pessoalmente, não dispenso como entrada ou saída, um ou dois pratinhos de carapaus de escabeche que ali são isso mesmo. Um escabeche de bons!     

Na ilha há casas que albergam os seus proprietários e seus familiares, convidados, amigos, ou simplesmente todos aqueles visitantes – habituais ou novos – a quem as arrendaram por uma temporada.

São estas pessoas todas os “habitantes” de verão que têm um impagável privilégio de ali poderem pernoitar e acordar.

 

Na ilha,

Onde o som das cidades ali em frente não entra nem sequer se faz notar.

Onde carros não há a circular…

Onde o barulho dos motores é dos barcos dos vizinhos ou dos heróis pescadores!

Há Verão na ilha (parte 2)


Na ilha: onde o som das cidades ali em frente não entra nem sequer se faz notar, onde carros não há a circular, onde o barulho dos motores é dos barcos dos vizinhos ou dos heróis pescadores!


O Farol, na verdade, é a par dos Hangares uma parte da mesma ilha fisicamente considerada e que é a ilha da Culatra. Situando-se na ponta ocidental do extenso cordão dunar que se prolonga em sentido contrário até à barra da Armona (outra ilha pérola da Ria Formosa).

Porém, quando falamos da Culatra, estamos a falar de uma outra realidade apesar de ser tal como o Farol e os Hangares uma localidade da mesma ilha que ostenta o mesmo nome, mas que se distingue e não se confunde, por ter uma identidade muito diversa das outras duas localidades vizinhas. Desde logo, por ter uma população fixa que ali reside todo o ano e que ali faz a sua vida tal como acontece em qualquer outra localidade, aldeia ou freguesia, das tantas que temos por este país.

Sendo por isso natural a distinção feita pelos algarvios desta zona do sotavento a cada uma destas três áreas, atribuindo-lhes uma espécie de “autonomia territorial virtual”. Como se de três ilhas separadas entre si se tratassem… 

Regressando ao Verão na ilha que é Farol da Ria Formosa, posso assegurar por experiência própria que, aqui vive-se intensamente em cada dia que passa o tal Agosto de que falava na semana passada.

Os barcos "da carreira" são o meio de transporte público principal que garante a ligação a "terra" – como é referido pelos residentes locais – quer a parir de Faro, concelho ao qual administrativamente pertence a ilha, quer a partir de Olhão, concelho vizinho cuja população residente mantém para com ela, mais do que uma ligação, uma relação sentimental muito forte e antiga. Não sendo por isso de estranhar o facto de existirem mais carreiras diárias e em horário mais alargado na ligação entre Olhão – Culatra – Farol, do que entre Faro – Farol. Quanto à Culatra, igualmente pertencente ao concelho de Faro mas também com uma incomparável ligação afectiva à Cidade da Restauração, quase nem tem ligação por barco a partir de Faro, o que se compreende pela distância geográfica que obriga a uma viagem de sensivelmente uma hora, ao passo que, por via Olhão a viagem até à Culatra dura sensivelmente metade desse tempo.

São pois estes barcos que a maioria das pessoas utilizam para vir à ilha, conhecê-la, visitá-la e desfrutar das suas praias e de todos os seus encantos. No lado da Ria, águas calmas e sem ondas mas límpidas e translúcidas, oferecem segurança a quem tenha crianças, sendo por isso mesmo a escolha de muitas famílias na ilha. No outro lado, ficam as praias da costa – a pequena ou primeira praia e a grande ou segunda praia – onde o imenso mar oceânico se impõe até se perder de vista para lá da linha do horizonte e se "mistura" com o céu.

Chegados à ilha, uma primeira paragem torna-se obrigatória para, dependendo da hora, tomar o que nos apetecer. São vários os cafés e bares que nos dão as boas-vindas logo ali à entrada no lado direito e onde, inevitavelmente, nos despedimos da ilha enquanto aguardamos pelo barco que nos levará de regresso a terra. Mesmo que para voltar no dia seguinte…

De entre eles, há um que destaco, não apenas pela qualidade do serviço, das instalações e bom gosto decorativo, mas também por nos proporcionar o “pôr de sol” mais bonito da ilha e, especialmente, pela personalidade que lhe é dada pelas pessoas que o fazem. Com ou sem a música dos seus míticos sunsets de final de tarde, é caso para se dizer que uma vez estando na ilha facilmente “Cais Aqui”…

Para o repasto de almoço ou jantar é incontornável não se passar “À do João”, onde o peixe assado (grelhado para os visitantes) – todo ele, seja o mais popular ou o mais requintado – é simplesmente feito de forma irrepreensível. Acompanhado, para além do óbvio, por uma tradicional salada montanheira algarvia que nunca desilude. Pessoalmente, não dispenso como entrada ou saída, um ou dois pratinhos de carapaus de escabeche que ali são isso mesmo. Um escabeche de bons!     

Na ilha há casas que albergam os seus proprietários e seus familiares, convidados, amigos, ou simplesmente todos aqueles visitantes – habituais ou novos – a quem as arrendaram por uma temporada.

São estas pessoas todas os “habitantes” de verão que têm um impagável privilégio de ali poderem pernoitar e acordar.

 

Na ilha,

Onde o som das cidades ali em frente não entra nem sequer se faz notar.

Onde carros não há a circular…

Onde o barulho dos motores é dos barcos dos vizinhos ou dos heróis pescadores!