Supertaça.  A sorte é que havia espaço para a malta se espreguiçar…

Supertaça. A sorte é que havia espaço para a malta se espreguiçar…


O empate da primeira mão, em Alvalade (2-2), deu vantagem ao Benfica que, ainda assim, só chegou à vitória e à conquista do troféu por Vital (2-1) a quatro minutos do fim


(continuação da última edição)

Depois do empate em Alvalade no dia 10 de setembro, o Benfica recebia o Sporting na segunda mão da ii Edição da Supertaça com a ligeiríssima vantagem de quem se sente mais confortável. Infelizmente para quem se deslocou à Luz, o espetáculo foi sofrível, confirmando-se a ideia de que os treinadores, Lajos Baroti e Fernando Mendes, neste caso, viam a prova mais como um jogo de preparação do que de autêntica competição. Não que não tenham posto em campo os melhores jogadores disponíveis, mas a atitude destes foi sempre mais displicente do que concentrada. Pelo menos, em relação ao Sporting, Manoel entrou com a corda toda e não foi o trapalhão da primeira mão que o técnico teve de tirar à meia hora perante a insistência de um público supinamente irritado. E tanto não o foi que, azougado, aos 21 minutos entrou na área benfiquista e fez com que António Bastos Lopes metesse os pés pelas mãos e provocasse um penálti sem motivo para quezílias. Jordão pôs os leões em vantagem e juntou mais um golo aos dois que já apontara em Alvalade.

A alegria dos adeptos sportinguistas foi grande, mas pouco duradoira. Na modorra em que o desafio mergulhara, era a brusquidão individual que podia fazer alguma diferença. Sem Chalana, Baroti recorria à força da locomotiva barreirense, Carlos Manuel, e aos sprints de Nené e Vital. Com isso, teve também direito a um penálti e Alves, o luvas pretas, encarregou-se de o marcar. Na baliza, Fidalgo não esteve pelos ajustes. Atirou-se para o lado certo no momento certo, mas a bola, caprichosamente, saiu-lhe dos braços para o lado errado, o lado em que estava Nené, sozinho, para estabelecer a igualdade. Merecida, convenhamos. Isto, já nos últimos cinco minutos do primeiro tempo, o que quer dizer que não deu para muito mais e, desta forma, toda a malta recolheu às cabinas sabendo que o assunto ficava ainda por resolver.

À beirinha do fim Ora, se o jogo fora até aí um bocado borrachoso, nalguns casos até pegajoso, com tanto agarrão, com tanto choque aqui e choque ali a não dar descanso às bochechas do árbitro, insufladas num apito estrídulo e contínuo, não se viam melhoras. O húngaro Baroti foi o primeiro a tentar quebrar a monotonia, tirando um apático César, que em Alvalade marcara um golaço mas que, de tempos a tempos, parecia alhear-se do que se passava em seu redor, e fazendo entrar Joel, um moço do Seixal que viera do Amora, com apenas 22 anos, e que do futuro que prometia só viria a cumpri-lo, mais tarde, no Académico de Viseu e no Belenenses.

Joel esgravulhou, juntou-se a Vital e a Nené, mas a defesa do Sporting rearrumara-se e não abria brechas, com Ademar, Bastos, Eurico, Inácio e Barão todos muito próximos, praticamente num quinteto, e Salvador e Fraguito a darem conta das refregas do meio-campo.

Os pouco mais de 30 mil espetadores que se aborreciam na Luz como almas penadas iam interiorizando a necessidade de um prolongamento para desempatar o problema, mas Lajos Baroti ainda tinha uma carta na manga e lançou-a sobre o pano verde: José Luís. Essencialmente prático, o Zé foi colocar-se na direita em corridas esbaforidas e profundamente incomodativas para os adversários. A densidade defensiva leonina viu aparecer primeiro uma fresta, depois uma racha. E, aos 86 minutos, um buraco pelo qual Vital se meteu e bateu Fidalgo. O Benfica ganhava a sua primeira Supertaça.