Bombeiros rejeitam transportar doentes por menos de 51 cêntimos ao quilómetro

Bombeiros rejeitam transportar doentes por menos de 51 cêntimos ao quilómetro


IPO pretendia baixar o valor para os 36 cêntimos para as viaturas dedicadas ao transporte de doentes não urgentes


O Conselho das Federações da Liga dos Bombeiros Portugueses decidiu não aceitar transportar doentes em viaturas dedicadas para o efeito a 36 cêntimos por quilómetro, valor que havia sido proposto pelo Instituto Português de Oncologia (IPO). A revelação foi feita à Agência Lusa por Jaime Marta Soares, presidente do organismo.

"Ficou decidido, por unanimidade, que ninguém aceitaria fazer transportes por menos de 51 cêntimos ao quilómetro [valor praticado atualmente]. O IPO de Lisboa inventou arbitrariamente e sem sustentação legal uma proposta para descer o preço para os 36 cêntimos ao quilómetro para as viaturas dedicadas ao transporte de doentes não urgentes (VDTD), mas o acordo com o Governo é de 51 cêntimos, qualquer que seja o tipo de viatura, e os bombeiros não abdicam deste valor”, frisou o dirigente, revelando ainda que a Liga dos Bombeiros já pediu uma reunião à administração do IPO.

Apesar da tensão, Marta Soares acredita que este episódio pode contribuir para uma otimização do serviço aos doentes. "O transporte de doentes oncológicos é específico, mexe com o sofrimento dos doentes e das famílias e mexe também connosco no sentido humano e humanitário. Esta pode ser uma boa oportunidade para avançar com uma plataforma de gestão do transporte de doentes, que inclusivamente já existe num ou noutro hospital, e que controla com rigor os transportes de doentes”, realçou, lembrando que esta plataforma “trata de igual forma” todas as entidades que prestam este serviço e permitirá também “estabilidade no funcionamento” dos transportes.

Jaime Marta Soares ressalvou ainda o facto de a circular divulgada pelo IPO de Lisboa prever que os bombeiros passem também a “pagar estacionamento nos parques” daquele hospital após um certo período de tempo. "Os bombeiros portugueses andam a subsidiar o Estado, o Estado social são os bombeiros. Isto não pode continuar, de um momento para o outro os bombeiros podem deixar de fazer este serviço”, disparou, apontando também à Administração Regional de Saúde do Centro (ARS Centro): "Convido a presidente da ARS Centro [Rosa Maria dos Reis Marques] a pegar no seu carro e a transportar os doentes, para ela saber quanto é que custa a vida dos bombeiros. Num lugar daqueles têm de estar pessoas competentes, e não uma senhora com prepotência e atitudes que já não se justificam num estado de direito democrático".