Farinha na corda bamba. Na PSP já circulam nomes para futura direção nacional

Farinha na corda bamba. Na PSP já circulam nomes para futura direção nacional


Atual direção só sairia em novembro, mas em cima da mesa está a hipótese de uma saída antes do tempo. E há já uma lista de nomes de possíveis sucessores. Ministro não escondeu que gostava de ver uma mulher a liderar a PSP.


A atual direção nacional da Polícia de Segurança Pública deveria estar em funções até novembro, mas é cada vez mais certo que a equipa liderada por Paulo Farinha não fique até ao fim. E há já uma lista de possíveis sucessores, sendo que entre as hipóteses com mais força aparecem dois dos onze superintendentes chefe – Paulo Lucas, comandante do Porto e Pedro Clemente, inspetor Nacional da PSP. O i apurou que outra das fortes candidatas à nomeação do Governo é Paula Penedo, que não é superintendente chefe – o que, aliás, já está a causar algum mal-estar – e está atualmente em Marrocos a ocupar o cargo de oficial de ligação do Ministério da Administração Interna (a convite da anterior ministra, Constança Urbano de ousa). Fontes ouvidas pelo i também não descartam a hipótese de ser um civil, havendo já quem fale da possibilidade de o Governo nomear um magistrado. O objetivo, segundo esta tese, seria pôr alguém desligado das hierarquias com pulso forte liderar a PSP.

A gota de água para o Governo começar a ponderar a substituição de Luís Farinha, diretor nacional, foi o protesto do Movimento Zero, na celebração dos 152 anos da PSP. Na altura, quando o diretor nacional discursava, uma mancha de elementos com uma t-shirt alusiva a esse movimento virou as costas tendo assim permanecido até que Eduardo Cabrita começou a falar, aí abandonaram de vez a Praça do Império, fazendo gestos com os dedos. O descontentamento dos elementos da PSP com a atual direção nacional é cada vez mais notório e o Governo considera que será difícil aguentar esta situação durante muito mais tempo.

Ministro quer liderança feminina numa PSP de homens A hipótese de Paula Penedo vir a ser a nova diretora nacional está a criar algum descontentamento entre muitos superintendentes chefes, que consideram que, a ser escolhido um elemento da PSP, o nome deveria sair dos 11 superintendentes chefe, como aliás tem acontecido – cargo que aos 52 anos Paula Penedo não tem, é apenas superintendente.

O certo é que Eduardo Cabrita, como já disse em público, vê com bons olhos a entrega da liderança da PSP a uma mulher. Em março, no Dia da Mulher na PSP, Eduardo Cabrita não hesitou: “Julgo que não será neste mandato, dado que o atual Governo está a poucos meses de cessar funções, mas tendo sido já quebrado o tabu da existência de mulheres como ministras da Administração Interna, estou certo que espero estar ativo a tempo para assistir ao dia em que teremos uma mulher como diretor nacional adjunto da PSP e quiçá um dia uma mulher como diretor nacional da PSP”.

O ministro foi ainda mais longe e disse mesmo que esse seria o caminho para a perfeição. “Nesse dia, a PSP estará mais perfeita, mais completa, na sua correspondência com uma polícia de proximidade ao serviço de todos os portugueses e de todas as portuguesas”, afirmou.

Cabrita sublinhou igualmente que “o papel da mulher hoje na sociedade portuguesa é um papel que deve ser promovido para que possa não ser notícia, possa ser igual ao dos homens na afirmação daquela que é a diversidade que marca a espécie humana e que não se deve esquecer”.

Em Portugal, o número de mulheres na PSP corresponde a menos de 10% do total de elementos desta força de segurança. Segundo fonte oficial informou a 31 de dezembro de 2018 existiam 19 479 homens e 1 698 mulheres.

Só dez anos depois do 25 de Abril é que as mulheres puderam ingressar na PSP (as primeiras foram aceites em 1985).

O ex-diretor nacional, que também saiu mais cedo Em novembro de 2013, a manifestação das forças de segurança deu início a um período de tensão dentro da PSP que só veio a acalmar com a saída do então diretor nacional, Paulo Valente Gomes. A 22 desse mês, Miguel Macedo, à data ministro da Administração Interna, nomeou para sucessor de Paulo Gomes o superintendente Luís Peça Farinha – era então comandante da Unidade Especial de Polícia.

A saída de Paulo Gomes aconteceu após o ministro o ter chamado de urgência para falar sobre a invasão das escadarias da Assembleia da República. O responsável máximo da PSP acabou por colocar o seu cargo à disposição.

Constança Urbano de Sousa, a mesma ministra que convidou Paula Penedo para o cargo de cooperação e troca de informações em Marrocos, acabou por voltar a nomear Paulo Farinha em 2016, sendo o mesmo reconduzido.

Na mesma altura em que foi nomeada Paula Penedo, foi também colocado em França o coronel da GNR Carlos Silva Gomes, em substituição de Paulo Gomes – que quando pediu para sair da direção nacional da PSP foi colocado por Miguel Macedo como oficial de ligação na capital francesa.

O i contactou ontem o Ministério da Administração Interna questionando se estava em cima da mesa a nomeação de uma mulher para suceder ao atual diretor nacional, não tendo sido enviada qualquer resposta até ao fecho desta edição.