Web Summit contrata três vezes mais no estrangeiro

Web Summit contrata três vezes mais no estrangeiro


Em 41 vagas atualmente disponíveis no site da Web Summit, apenas 10 se localizam em Lisboa.


A Web Summit gostou de Lisboa e decidiu apostar na capital portuguesa, mas parece continuar a preferir apostar na criação de trabalho lá fora: nas oportunidades de trabalho divulgadas no site da feira de tecnologia, o número de vagas em cidades estrangeiras é três vezes superior ao de posições disponíveis em Portugal.

Atualmente, consultando o site da Web Summit, é possível ver que existem 41 vagas de trabalho – destas, 31 são em cidades estrangeiras e apenas dez em Lisboa.

Além disso, a Irlanda, o país de origem desta iniciativa tecnológica, continua a estar no topo de preferências da organização: das 31 posições disponíveis lá fora, 27 são em Dublin. Há ainda duas vagas em Toronto (Canadá), uma em Hong Kong e uma em Londres (Inglaterra).

A Web Summit parece ter decidido concentrar certos serviços na sua terra natal – as posições atualmente disponíveis para o departamento financeiro, recursos humanos, apoio ao cliente, coordenação dos oradores e produção de conteúdos e marketing localizam-se todas em Dublin.

Em Lisboa existem agora quatro vagas na área de engenharia informática e análise de dados (existem seis na mesma área na Irlanda), uma na área de design (três em Dublin), duas na área de produção do evento (outras quatro na capital irlandesa), duas no departamento de vendas (que tem vagas espalhadas não só pela Irlanda, mas também pelo Canadá e Inglaterra) e no departamento de startups (nesta secção, existe mais uma posição disponível na Irlanda).

O irlandês Paddy Cosgrave fundou a Web Summit em 2009 no seu país de origem, de onde saiu, em conflito com as autoridades locais, para Lisboa em 2016. No ano passado fechou um contrato para a realização deste evento até 2028, em troca de uma verba anual que ronda os 11 milhões de euros.

 

Câmara arrisca multa

Com a vinda da Web Summit para Lisboa, as autoridades portuguesas comprometeram-se a investir no primeiro ano 11 milhões de euros. O valor será atualizado nos anos seguintes tendo em conta a taxa de inflação.

Um dos focos desse investimento é a ampliação da Feira Internacional de Lisboa (FIL). O acordo feito entre o Estado e a Web Summit deixa nas mãos da Câmara de Lisboa a responsabilidade de assegurar esta obra – o documento, citado pelo jornal Público, refere que, em outubro, o recinto já deve ter mais 13 mil metros quadrados. Caso a ampliação não avance, a autarquia pode vir a ter de “pagar em dinheiro à CIL [Connected Intelligence Limited, empresa que organiza a Web Summit] os danos”.

Numa entrevista ao Jornal Económico, o presidente da Fundação AIP, responsável pela FIL, reconheceu que o crescimento deste espaço não estava pensado da mesma forma que a Web Summit idealizou. Ou seja, as instalações iriam crescer durante um período de dez anos, mas Cosgrave quer antecipar as melhorias já para 2022. “Note-se que esta antecipação não ia alterar o investimento previsto de 150 milhões. Simplesmente ia concentrar em três anos um valor de 90 milhões de euros que antes ficava distribuído ao longo de vários anos”, explicou Jorge Rocha de Matos, frisando que os planos de expansão continuam na linha programada a dez anos. “Defendo que temos de encontrar soluções transitórias que permitam responder às necessidades da Web Summit e que não sejam já com instalações definitivas”, acrescentou.