Jorge Jesus estreou-se à frente da sua nova equipa, o Flamengo, no campeonato brasileiro, mais conhecido por Brasileirão, e logo com uma vitória gorda frente ao Goiás: 6-1. No cenário já não eterno do velho Maracanã, entretanto desaparecido, mas neste novo estádio erguido para o Mundial do Brasil em 2014, o Mengão realizou uma exibição agradável e plena de dinâmica e a goleada acabou por ser inevitável, tal a superioridade do conjunto orientado pelo antigo treinador de Benfica e Sporting. Aliás, também Gabigol, que passou pelo Benfica como cão por vinha vindimada, com perdão da expressão talvez excessivamente coloquial, deu nas vistas e fez muita gente questionar-se sobre as causas do seu fracasso no futebol português.
A décima jornada do Brasileirão, comandado pelo Palmeiras de Luiz Felipe Scolari, que foi ao campo do São Paulo empatar (1-1), conservando-se invicto até ao momento mas agora com apenas três pontos de vantagem sobre o Santos (26 contra 23), era definitivamente marcada pela curiosidade sobre as mudanças que Jesus iria fazer no Flamengo e sobre o futebol que este iria apresentar.
Se era um exame, Jorge Jesus ultrapassou-o com uma perna às costas. Mais de 60 mil pessoas nas bancadas assistiram a um encontro jogado a ritmo agradável e gozaram uma quantidade de golos à qual já não estavam, definitivamente, habituadas. De facto, é preciso andar para trás 15 anos para darmos de caras com a última vez que o Flamengo marcou seis golos para o campeonato. Em 2004 atingiu esse número por duas vezes: 6-2 ao Atlético Mineiro e 6-2 ao Cruzeiro, de Belo Horizonte.
Tal como sucedeu na sua fase de estreia pelo Benfica, Jesus parece ter implantado no Flamengo uma sofreguidão danada pelos golos. Ontem, logo aos 6 minutos, um movimento coletivo de inusitada qualidade deu a oportunidade a Arrascaeta de inaugurar o marcador. Mas, pouco depois, um erro defensivo deixou Kayke isolado na cara de Diego Alves e o empate incomodava sobremaneira os adeptos sempre exigentes do Mengão.
Torneira aberta
O Flamengo atirou-se sobre o seu adversário, mas sem resultados visíveis. Os minutos foram passando até que a torneira dos golos voltasse a abrir-se. Sobre o intervalo, aos 44 minutos, com a ajuda fundamental de Tadeu, o Flamengo retomou a dianteira. O lance foi confuso e o golo foi tido como marcado na própria baliza.
Alívio.
Ainda por cima porque, no primeiro minuto de desconto dado pelo árbitro após os 45, Arrascaeta recebe um cruzamento rasteiro de Gabigol e fez o 3-1. E, imaginem, no quarto surgiu o 4-1, com o avançado uruguaio a completar o hat-trick.
Nada impediria um segundo tempo triunfal para Jesus. Ele que costuma saber lidar com as vantagens como poucos. Entrar com três golos de avanço permitiu-lhe ir gerindo os acontecimentos e os golos de Gabigol (57 e 82 minutos) limitaram-se a sublinhar uma vitória que deixa o Flamengo no terceiro posto da tabela, com seis pontos de atraso em relação ao Palmeiras. As coisas começam bem para o português!