Quatro portugueses foram detidos pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) na madrugada desta quinta-feira, em Torres Vedras e Coimbra, por indício de pertença a uma rede de tráfico humano e auxílio à imigração ilegal. Os suspeitos terão participado num grupo de crime organizado que facilita a entrada de pessoas oriundas leste europeu, tendo como objetivo explorá-las laboralmente. O SEF chamou a esta operação “Estufa Fria”.
Os dois homens que foram detidos em Torres Vedras eram os “facilitadores”, estando encarregues de se certificarem que os imigrantes chegavam a Portugal por via terrestre, de os alojarem e, sucessivamente, colocá-los a trabalhar em explorações agrícolas e estufas na zona oeste, explica o comunicado do SEF às redações. Os restantes, residentes em Coimbra, “eram proprietários de uma das explorações agrícolas, e usufruíam da mão de obra dos cidadãos angariados”. Os estrangeiros eram coagidos a continuar a trabalhar não obstante os cortes salariais.
Foram identificados vinte imigrantes ilegais a viver e trabalhar em condições precárias, entre os quais existiam dois menores. Muitos não recebiam qualquer remuneração, sendo “privados de condições dignas de trabalho”, acrescenta a nota do SEF.
A operação “Estufa Fria”, que contou com a colaboração da GNR, viu ainda serem cumpridos “cinco mandados de busca domiciliárias, dois mandados de busca a viaturas e um mandado de busca a estabelecimento comercial, tendo sido apreendido duas viaturas de alta cilindrada, cerca de 6 mil euros e diverso material de prova como telemóveis e computadores portáteis”.
Os criminosos serão esta sexta-feira presentes a tribunal, onde ficarão a conhecer as respetivas medidas de coação pelos indícios criminosos a que estão associados.