Depósitos a prazo Se a sua simplicidade é uma das vantagens, a taxa de remuneração oferecida torna este produto financeiro menos atrativo, devido à queda da taxa da Euribor em todos os prazos. Apesar de ter vindo a perder adeptos nos últimos anos devido às taxas de juro que apresenta, continua a ser um dos instrumentos de poupança preferidos dos portugueses. A maioria dos depósitos está a pagar, em média, uma taxa anual líquida na ordem dos 0,14%, de acordo com as últimas estatísticas do Banco Central Europeu (BCE). Só consegue contrariar esta tendência se procurar as ofertas para novos clientes ou montantes elevados. Mas a verdade é que há bancos que estão a levar esta redução ao limite. Um desses casos é a Caixa Geral de Depósitos que, ainda na semana passada, revelou não só cortes nos juros a pagar como também que, a partir de agosto, irá reter os juros quando o valor bruto a distribuir for inferior a 1 euro.
Face aos juros pagos, é fácil de compreender que o saldo aplicado em depósitos a prazo pelos portugueses tenha vindo a cair nos últimos meses. E há muitos que optam por manter o dinheiro numa conta à ordem.
Mas se é certo que não existe nenhuma aplicação financeira que esteja 100% isenta de risco, também é verdade que há aplicações que comportam um risco maior do que outras. Se analisarmos a escala de risco dos vários produtos financeiros disponíveis para os aforradores e investidores, os depósitos estão entre as aplicações mais seguras e, no pior cenário e se o banco falir, os clientes podem recorrer ao Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por banco e por titular.
Certificados de aforro e CTPC A perda de atratividade dos depósitos a prazo está a levar os aforradores portugueses a olharem cada vez mais para os produtos de poupança do Estado. Neste universo, os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC) – que vieram substituir os Certificados do Tesouro Poupança Mais – são o produto que mais interesse tem despertado. E só nos dois primeiros meses do ano foram aplicados mais de 200 milhões de euros neste instrumento financeiro.
No caso do aforro, a taxa de remuneração é calculada com base na média dos valores da Euribor a três meses observados nos dez dias úteis anteriores, acrescida de 1%. Como a Euribor está atualmente em valores negativos, a taxa de juro para novas subscrições de certificados de aforro (série E) foi fixada em 0,670% brutos. Já nos CTPC, a taxa de juro é crescente: no primeiro e segundo anos são pagos 0,75% (remuneração bruta) e sobe para 1,05% no terceiro ano, 1,35% no quarto, 1,65% no quinto e 1,95% no sexto, até atingir no último ano 2,25%. A taxa de juro a partir do segundo ano é acrescida de um prémio correspondente a 40% do crescimento médio real do PIB, a preços de mercado nos últimos quatro trimestres conhecidos no mês anterior à data de pagamento de juros.
Obrigações do Tesouro Até há bem pouco tempo, adquirir obrigações do Tesouro (OT) era um bom negócio, já que eram uma das formas mais rentáveis de aplicar as poupanças de médio ou longo prazo com capital garantido. Mas o certo é que as OT ganharam uma nova vida quando, em 2016, o Estado lançou as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), o novo produto de dívida do Estado. Este produto inverteu a tendência de desinvestimento que as famílias portuguesas vinham fazendo em títulos de dívida. Em relação ao risco, é semelhante ao dos certificados, ou seja, só há risco de perder capital se o Estado entrar em incumprimento.
Plano Poupança-Reforma Os Planos Poupança-Reforma (PPR) têm vindo a perder parte do interesse nos últimos anos, em parte devido à perda de benefícios fiscais. E o interesse de continuar a aplicar em PPR fica circunscrito aos aforradores entre os 40 e os 55 anos. “Quem está a menos de dez anos da aposentação não deve aplicar mais dinheiro em PPR”, refere a Deco. “Se tem um PPR e o desempenho deixa a desejar, transfira-o para outro mais rentável e com menos custos”. E segundo a associação, os investidores que aplicaram as suas poupanças num PPR a pensar complementar a sua pensão futura perderam, em média, 790 euros por ano por cada dez mil euros aplicados.
O Estado apresenta igualmente um produto próprio, mas também não tem tido grande sucesso: angariou pouco mais de 9 mil aderentes desde que foi lançado. Segundo a OCDE, o número de adesões aos certificados de reforma tem vindo a cair a um ritmo anual de 100 subscritores e, entre aqueles que mantêm estes planos, metade não faz contribuições mensais.
Bolsa O investimento direto na bolsa ainda assusta muitos portugueses. Pode representar um negócio rentável, mas o risco é sempre mais elevado em relação aos outros produtos de investimento. O investidor pode fazer a compra individualmente, quando escolhe diretamente as ações que deseja, ou através de fundos de ações, ao adquirir unidades de participação de um destes instrumentos. Os especialistas aconselham os interessados a fazer este investimento a prazo (pelo menos a cinco anos) para ultrapassarem as flutuações do mercado.
Qual a melhor solução para aplicar o seu dinheiro? O melhor é ir investindo de forma periódica e regular. A tendência dos mercados financeiros é para valorizarem a longo prazo. O investimento periódico e regular permite ainda expurgar os efeitos da emoção no investimento. Não vale a pena tentarmos adivinhar o melhor momento para investir.
Não se esqueça, no entanto, de que em momentos de maior incerteza devemos evitar o investimento num determinado ativo. O foco deverá passar por uma estratégia diversificada em que apostamos em vários ativos e, eventualmente, em classes de ativos distintas.
Não se esqueça da regra de “dividir para reinar”: ao escolher títulos de diferentes países e setores, consegue reduzir as flutuações do investimento.
Tenha em conta o intermediário financeiro: uma opção acertada pode significar uma poupança de muitos euros – isto porque a eleição do melhor intermediário financeiro depende do seu perfil de investidor.
Ouro O ouro continua a ser visto como um bom investimento de refúgio no caso de uma grave crise mundial e de colapso do sistema financeiro. No entanto, esta vantagem só se aplica ao metal em termos físicos, já que, no que toca ao investimento em produtos financeiros associados ao ouro (fundos, ETF, entre outros), é preciso ter em conta que a cotação desta matéria-prima é extremamente difícil de prever.
Há ainda outras desvantagens que estão associadas ao seu potencial de valorização e à especulação no mercado. E, ao contrário do que possa pensar, quando decidir vender as barras, nada garante que ganhe dinheiro. Por exemplo, quem comprou ouro em 2011 ou 2012 e tente vender agora apenas recuperará pouco mais de metade do valor aplicado. Se considerarmos as comissões e as margens praticadas pelos bancos, a perda será ainda mais agravada. É muito provável que, mesmo num período de subida da cotação internacional do ouro, não consiga um melhor preço pelas barras dado o diferencial que existe entre o valor da venda e o da compra.
Mas, independentemente da forma escolhida para investir no metal precioso – desde tê-lo nas mãos, comprando moedas e barras ou investindo em produtos financeiros com exposição ao ouro -, o investidor deve ter sempre em consideração o horizonte temporal, que deve ser encarado numa perspetiva de longo prazo, e as perdas potenciais do investimento, já que, nos últimos tempos, o ouro tem vindo a perder o seu brilho.
Fundos de tesouraria Os fundos de tesouraria têm vindo a conquistar o interesse dos investidores como forma de diversificarem as suas aplicações, sobretudo numa altura em que os depósitos a prazo apresentam retornos muito baixos. Para quem pretenda escolher um produto de baixo risco para aplicar o valor do reembolso de IRS, esta classe de fundos de investimento pode também ser uma boa alternativa. Estes fundos apostam sobretudo em títulos de grande liquidez (depósitos a prazo, papel comercial) e, como tal, oferecem um bom grau de segurança.
Esta segurança sai ainda mais reforçada face à diversificação do investimento que está associada aos fundos de investimento.
A Deco garante que estes fundos de tesouraria são indicados para aplicar até um ano, sobretudo se não tiver a certeza de conseguir manter o investimento por mais tempo. Ao contrário da maioria dos depósitos a prazo, estes fundos não penalizam pelo resgate. No entanto, exigem um pré-aviso que varia de um a três dias, consoante o fundo. Outra vantagem é a valorização depender da cotação da unidade de participação (UP).
A associação lembra ainda que, na maioria dos fundos, pode resgatar o capital em qualquer momento sem perder os juros, pois a valorização é calculada diariamente. Estes fundos servem para minimizar o efeito da inflação, evitando que o dinheiro aplicado perca poder de compra. Ainda assim, para o médio prazo (até cinco anos), aconselha a aposta nos certificados de aforro ou até mesmo em alguns depósitos com prémio de permanência ou online, uma vez que apresentam remunerações mais interessantes.