Parque das Nações “é a zona que apresenta problemas mais sérios de qualidade de ar”

Parque das Nações “é a zona que apresenta problemas mais sérios de qualidade de ar”


Parque das Nações, Cais do Sodré e 2.ª Circular apresentam problemas sérios na qualidade do ar, segundo estudo da Associação Zero.


A Avenida da Liberdade já não é a área mais poluída de Lisboa. Segundo um estudo da Associação Zero em parceria com a Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E) e a European Climate Foundation (ECF) e que teve a colaboração da FCT-NOVA e da Câmara Municipal de Lisboa, o Parque das Nações, a 2.ª Circular e o Cais do Sodré são agora das zonas com problemas mais sérios na qualidade do ar. 

De acordo com a Zero, “apesar de algumas medidas implementadas para reduzir a circulação de veículos mais antigos e poluentes no centro da cidade, através das Zona de Emissões Reduzidas (ZER) e se terem verificado algumas melhorias dos níveis dos dois poluentes, elas são ainda insuficientes para reduzir a poluição”.

E, quanto aos novos passes, ainda não é possível ter noção do real impacto. “Por agora é impossível ainda avaliar o impacto da medida importantíssima relativa ao abaixamento do custo e uniformização dos passes na área do município e Área Metropolitana de Lisboa. Porém, é claro para a Zero que medidas de incentivo têm de ser aplicadas em conjunto com medidas de penalização do tráfego rodoviário e que estas últimas ainda são insuficientes”, refere a associação ambiental.

Parque das Nações, Cais, 2.ª Circular e Belém Segundo o estudo cujas conclusões foram apresentadas este domingo, “ficou claro que o Parque das Nações, que nos dois poluentes monitorizados [dióxito de azoto e partículas inaláveis] apresenta a maior diferença em relação aos níveis da Av. da Liberdade, é a zona que apresenta problemas mais sérios de qualidade do ar, com uma elevada probabilidade de exceder consideravelmente os valores-limite fixados pela legislação”.

Quanto à 2.ª Circular, junto a Telheiras, tal como no Cais do Sodré os níveis destes poluentes são consideravelmente mais elevados do que na Avenida da Liberdade. A primeira, explica a Zero, porque “sendo um eixo rodoviário de acesso ao centro da cidade com elevado tráfego (ligeiros, mas também pesados) tem sido mal caracterizada em termos de qualidade do ar, sobretudo nas ligações a outros eixos periféricos da cidade (CRIL, CREL, IC19, Eixo Norte-Sul)”. Já quanto ao Cais do Sodré estes resultados podem ser explicados com o aumento do trânsito e do turismo.

E, falando de turismo, a zona de Belém regista “níveis mais baixos que a Av. da Liberdade no que respeita ao dióxido de azoto, mas similares no que respeita às partículas inaláveis”.

“Belém e Cais do Sodré são locais próximos da zona ribeirinha e por isso mais beneficiados pelo relevo e ação dos ventos; no entanto, verifica-se também um aumento do tráfego rodoviário devido ao turismo, o que se pensa ter um contributo significativo para os níveis de poluição local”, conclui o estudo, recordando que esta campanha de monitorização foi levada a cabo durante alguns dias.

Por tudo isto, a Zero recomenda o aumento da exigência com o cumprimento das regras de emissão reduzida, criar leis que definam níveis reduzidos para as emissões de partículas dos veículos, estudar a implementação de uma zona de zero emissões na capital, restrições ao tráfego em zonas como o Parque das Nações, repensar a logística urbana definindo horários de entregas fora da hora de ponta.

Consequências do dióxido de azoto e das partículas inaláveis A Zero lembra que “o dióxido de azoto em concentrações elevadas causa efeitos na saúde, desde a irritação dos olhos e garganta, até à afetação das vias respiratórias, provocando diminuição da capacidade respiratória, dores no peito, edema pulmonar e danos no sistema nervoso central e nos tecidos”. Os grupos mais sensíveis a este poluente são as crianças, os asmáticos e os indivíduos com bronquites crónicas.

Já no que toca às partículas com um diâmetro aerodinâmico inferior a 10 µm (PM10), a Zero explica que são “as mais nocivas”, uma vez que “penetram no aparelho respiratório, podendo as mais finas atingir os alvéolos pulmonares e interferir nas trocas gasosas, contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiorrespiratórias, e até cancro do pulmão”.