Arranca hoje o último fórum do Banco Central Europeu (BCE) com Mario Draghi ainda na liderança. A sexta edição do evento vai decorrer em Sintra e prolonga-se até quarta-feira. O tema são os “20 anos da União Económica e Monetária Europeia”.
“Para assinalar este importante marco, o Fórum analisará a convergência macroeconómica e a política monetária nos últimos 20 anos e como enfrentar os desafios para o crescimento económico na área do euro no futuro”, lê-se no site do BCE. O evento irá contar com a presença de vários governadores de bancos centrais, académicos e políticos.
Draghi irá dar início ao fórum, com um discurso de boas-vindas, na segunda-feira à tarde. O dia seguinte arranca com outro discurso do líder do BCE, que dará o mote para uma discussão sobre os 20 anos da zona euro. Existirão vários painéis que se vão debruçar sobre o assunto: Luis De Guindos, vice–presidente do BCE, Peter Praet, antigo membro da comissão executiva do banco central, e Laurence Boone, economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), são algumas das figuras que irão participar nesta discussão. Draghi, Mark Carney, governador do Banco de Inglaterra, e Janet Yellen, ex–presidente do conselho de governadores da Reserva Federal norte-americana, irão participar na última discussão, agendada para terça-feira.
No último dia, os trabalhos irão focar-se no futuro da zona euro. A primeira intervenção é do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Ao longo do dia são esperadas intervenções de Laura Alfaro, professora da Universidade de Harvard, Benoît Cœuré, membro do conselho executivo do BCE, e Gita Gopinath, conselheira económica e diretora do Departamento de Estudos do FMI. Mario Draghi fará o discurso de encerramento.
Irá decorrer também o Young Economists’ Competition, cujo prémio é de 10 mil euros. Este ano, os trabalhos que foram a concurso focam-se no futuro da zona euro e abordam temas como o crescimento económico nos países do euro e o impacto das alterações demográficas e das crises migratórias. O vencedor será anunciado por Draghi na quarta-feira.
Quem sucede a Draghi?
Este será o último fórum em que Mario Draghi participa enquanto líder do BCE – o mandato do banqueiro italiano termina no próximo dia 31 de outubro. A imprensa internacional avança com possíveis sucessores de Draghi: François Villeroy de Galhau, governador do Banco de França, Olli Rehn, governador do Banco da Finlândia, Jens Weidmann, governador do Banco da Alemanha, e Benoît Cœuré, da comissão executiva do BCE, são alguns dos nomes que têm aparecido nos últimos tempos.
O banqueiro italiano chegou à liderança do BCE em novembro de 2011. No ano seguinte prometeu fazer de tudo para salvar a moeda única: “Durante o nosso mandato, o BCE está preparado para fazer o que for necessário para preservar o euro. Acreditem que isso será suficiente”. E assim foi: Draghi teve um papel dominante no fim da crise que ameaçava assolar toda a Europa e na recuperação económica do continente.
Logo no início do seu mandato, Draghi inverteu uma decisão que já tinha sido tomada pela anterior direção do BCE: recusou subir as taxas de juro e começou, progressivamente, a baixá-las. Em março de 2016 alcançaram mínimos históricos que ainda hoje se mantêm.
Outra das medidas que marcaram o mandato do italiano foi a decisão de, em março de 2015, lançar um programa alargado de compra de ativos, sobretudo de dívida pública, por forma a enfrentar a ameaça de deflação na zona euro. O BCE conseguiu assim estimular a economia europeia e aliviar os juros da dívida nos países do euro. Este programa só terminou em dezembro do ano passado – ao todo, o BCE adquiriu 2,6 biliões de euros em ativos.