Num mundo cada vez mais claustrofóbico, em que vivemos embrenhados nos nossos trabalhos e nas tarefas e responsabilidades a que temos obrigatoriamente que assistir, percebe-se claramente uma tendência para as pessoas procurarem nos seus tempos livres – e, quando isso é possível, também no seu emprego – espaços ao ar livre onde possam usufruir de sensações de liberdade, ao invés dos sítios fechados, esconsos e muitas vezes circunscritos por ambientes pesados com pouca luz natural e por isso também com menos ar para respirar. É por isso natural que os eventos de rua tenham cada vez mais adesão e um público mais diversificado. Já o vinha sendo provado nos espaços de restauração e de lazer que privilegiam a proximidade com o mar e com a natureza ou aqueles que apostam em esplanadas.
Esta semana pude assistir aos Santos Populares em Lisboa mas também ao Mercado Quinhentista na Madeira e notei, porque já não é a primeira vez que os visito, um público crescente e uma identificação cada vez maior com o conteúdo e as dinâmicas que esses mesmos eventos nos trazem. Não será por isso de estranhar que proliferem por aí opções diversas e para todos os gostos para famílias ou amigos, turistas ou locais, sejam de cariz mais musical , lúdico ou tradicional, fazendo as delicias dos mais novos aos mais velhos. Num e noutro caso as pessoas aderem cada vez mais, não como meros curiosos mas sim como figurantes ou figuras de destaque, investindo muitas vezes na indumentária a preceito.
Isto tem que ter logicamente um paralelismo com a procura mais acentuada pela diversão saudável por momentos mais leves mas também pela necessidade que vamos construindo de nos relacionarmos uns com os outros, de fazer novos contactos mas sobretudo na troca de experiências que se revela, nos dias que correm, decisiva para o nosso empreendimento pessoal. Não é por isso de estranhar que sobretudo nestes momentos mais populares e temáticos sejam os próprios pais a incentivar os filhos a ir visitar e a fazer parte seja pela caracterização ou pela simples presença. Festas essas que nos incutem valores mais tradicionais, com significado e que podem no fundo explicar de uma forma divertida parte da nossa essência e da nossa história.
É por isso cada vez mais importante que exista uma simbiose perfeita entre o poder local e os privados na assunção deste tipo de acontecimentos que podem e devem promover o país ou parte dele como estratégia de promoção lá fora. Tudo o que nos puxe para as nossas raízes e as possa mostrar ao mundo mas que seja também educativo e inclusivo onde possamos juntar pessoas de todas as idades, raças ou religiões é de louvar e de acarinhar. Incentivar aquilo que possa ser essa junção entre um crescimento sustentado e as nossas tradições, puxar as pessoas para a rua e integrá-las na sociedade se possível em espaços alegres e descontraídos onde possam descomprimir das dificuldades e incentivá-las a fazer parte de algo, pode ser verdadeiramente terapêutico.