Villas-Boas. Marselha  é o novo destino do técnico após ano sabático

Villas-Boas. Marselha é o novo destino do técnico após ano sabático


O treinador português assinou um contrato válido para as próximas duas temporadas (até junho de 2021): “Chegar a um clube da grandeza do OM [Olympique de Marselha] é fantástico. Temos um grande desafio”.


André Villas-Boas está oficialmente de regresso ao futebol ao fim de um ano (e meio) sabático. Em dezembro de 2017, já depois de ter abandonado o comando técnico dos chineses do Shanghai SIPG, surgiu a dúvida: afinal, qual seria o próximo desafio de Villas-Boas? O treinador português chegou a ser apontado para vários clubes após ter anunciado o adeus ao emblema de Xangai, mas rapidamente revelou novidades… surpreendentes.

Então com 40 anos, o portuense achou pertinente fazer uma pausa e decidiu apostar no automobilismo – uma paixão já conhecida do técnico –, participando, entre outras provas, na edição de 2018 do Rali Dakar.

A estreia de Villas-Boas na mais importante prova do calendário de todo-o-terreno mundial terminou, recorde-se, mais cedo do que o previsto, após um acidente ter obrigado o treinador e o seu copiloto, Rúben Faria, a abandonarem a competição ao final do quarto dia.

Refira-se, porém, que a sua saída de solo chinês foi uma opção do próprio técnico português, que recusou a oferta de renovação proposta pelo clube, admitindo ter fracassado depois de ter terminado o campeonato no segundo lugar, ter sido eliminado nas meias-finais da Liga dos Campeões da Ásia e ter sido também derrotado na final da Taça da China.

O quinto país para AVB Entretanto apresentado aos franceses do Marselha, este trata-se do quinto país diferente em que Villas-Boas irá treinar. Recorde-se que antes de aceitar o desafio do clube de Xangai, o técnico tinha estado durante mais de dois anos na Rússia, no comando técnico do Zenit – onde se sagrou campeão nacional (2014/15) e venceu uma Taça (2015/16) e uma Supertaça (2015/16).

Já entre 2011 e 2013, o portuense passou pela Liga inglesa, onde orientou o Chelsea e o Tottenham.

A transferência de Villas-Boas para os blues deu, de resto, muito que falar já que, em junho de 2011, o emblema inglês pagou os 15 milhões de euros da cláusula de rescisão fixada pelo FC Porto, protagonizando à data a transferência mais cara de um treinador.

A passagem de Villas-Boas por Stamford Bridge acaba, todavia, por ficar aquém do esperado e o português é despedido pelo clube nove meses depois de ter sido anunciado, deixando os blues a três pontos do quarto lugar na Liga inglesa.

Note-se, contudo, que é precisamente nesse ano que o Chelsea vence a única Liga dos Campeões que tem no currículo (2011/12). Apesar de não ter sido campeão europeu, AVB deixou a sua assinatura na boa campanha levada a cabo pelos blues na fase de grupos da prova.

Quatro meses depois da saída do emblema londrino, Villas-Boas foi apresentado como o novo treinador do Tottenham, assinando um contrato por três épocas.

Porém, apenas um ano e meio depois, em dezembro de 2013, os spurs emitiam um comunicado a informar a saída do técnico por decisão de ambas as partes.

A saída do português causou surpresa entre o plantel e os adeptos, já que Vilas–Boas era à data o treinador com maior taxa de sucesso no comando da equipa londrina desde 1992 – ganhou 54% dos seus jogos na Premier League e tinha vencido seis jogos no mesmo número de encontros na fase de grupos da Liga Europa. Uma passagem agridoce do português pelo futebol inglês, que deixou, aliás, sem conquistar nenhum troféu – algo a que não estava, de resto, habituado.

A aposta certeira no jovem treinador Villas-Boas teve direito a bilhete com destino a Inglaterra depois de uma época de sucesso no FC Porto. Depois de o Benfica ter conquistado o campeonato (2009/10), Pinto da Costa, presidente dos azuis-e-brancos, optou por apostar num jovem treinador.

Com uma curta carreira, após ter passado menos de um ano no comando técnico da Académica, a primeira experiência enquanto treinador, André Villas- -Boas foi anunciado como o sucessor de Jesualdo Ferreira no reino do dragão.

O técnico cumpriu, como já se sabe, com distinção, a missão de contrariar aquele que ameaçava ser o começo de um possível domínio benfiquista.

Chegou, viu e venceu, sagrando-se campeão da Liga portuguesa 2010/11. Uma referência ainda para a forma como AVB alcançou o feito, já que o jovem treinador conquistou a prova de forma esmagadora, terminando a mais de 20 pontos do Benfica, então segundo classificado. O treinador portuense tinha 33 anos naquela altura, algo que o coloca ainda hoje no restrito lote de treinadores que conquistaram tão jovens a prova.

Mais: além do campeonato nacional, aquela foi a época de sonho não só para o treinador, mas para a equipa e adeptos portistas, que também conquistaram a Liga Europa (batendo na final o Sp. Braga), a Taça e a Supertaça portuguesa.

Objetivo definido Anunciado na terça–feira como o novo treinador do Marselha, e apresentado durante o dia de ontem em conferência de imprensa, AVB mostrou-se entusiasmado com o regresso ao ativo e, acima de tudo, confiante no novo projeto. Entre as várias ambições, o técnico de 41 anos acredita que pode devolver o Marselha ao topo do futebol francês. Depois de ter terminado a época fora dos lugares que dão acesso às competições europeias, na quinta posição, com 61 pontos – menos 30 do que o bicampeão Paris Saint-Germain –, o objetivo primordial para a próxima temporada é terminar o campeonato no pódio.

A equipa não vence, de resto, o troféu desde 2009/10, época em que se sagrou pela nona vez campeã francesa. Refira–se que o Marselha é o único clube do país a ter vencido a Liga dos Campeões, em 1992/93, época em que bateu na final o AC Milan.

“Não sou um treinador defensivo, quero jogar um futebol ofensivo, um pouco como o slogan do Marselha: ‘direto ao golo’”, disse Villas-Boas.